Militar que atiçou tocar fogo em índios no AM pode responder por genocídio

No dia 23 de junho passado, em uma reunião com o povo marubo, o tenente Henry Charles teria os encorajado a “meter fogo” em indígenas isolados

Funai apura atitude de agente que incitou ‘meter fogo’ em indígenas no AM

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 27/09/2021 às 19:11 | Atualizado em: 28/09/2021 às 12:01

O Ministério Público Federal (MPF) solicitou abertura de inquérito policial para apurar crime de genocídio contra indígenas isolados cometidos pelo coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) no Vale do Javari, o tenente da reserva Henry Charles Lima da Silva.

O pedido foi feito pela 6º Câmara de Coordenação e Revisão do MPF da Procuradoria-Geral da República (PGR) à Polícia Federal (PF) de Tabatinga.

No dia 23 de junho passado, em uma reunião com o povo marubo, o militar teria os encorajado a “meter fogo” em indígenas isolados na região.

“Eu vou entrar em contato com o pessoal da Frente (de Proteção Etnoambiental) e pressionar: ‘Vocês têm de cuidar dos índios isolados, porque senão eu vou, junto com os marubos, meter fogo nos isolados’”, afirmou o coordenador, segundo áudio divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo.

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Coiab

No dia 22 de julho, o áudio chegou ao conhecimento da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

Por meio de nota, a entidade explicou que os advogados indígenas entraram com requerimento na 6º Câmara de Coordenação e Revisão do MPF da PGR.

Nele, a Coiab pediu instauração de inquérito para apurar o cometimento de crime de genocídio contra povos isolados e para determinar o afastamento imediato do militar sua função de coordenador, além de sua prisão preventiva.

“Na semana passada, o MPF respondeu que, a partir da representação da Coiab, foi solicitada a abertura do Inquérito Policial, o qual se encontra em curso na Delegacia de Polícia Federal em Tabatinga (AM), para apurar a conduta do servidor do órgão indigenista. A Coordenação da 6º Câmara informou ainda que continuará acompanhando o caso”, diz nota da entidade.

Na ocasião, Conselho Indigenista Missionário (Cimi) alegou também que a permanência dele era uma ameaça aos povos indígenas da região, em especial aos isolados, e “torna o governo corresponsável por suas declarações de incentivo à violência e ao genocídio.”

Foto: Divulgação/Funai