Moro jĂ¡ Ă© tratado como ‘ex-senador em atividade’ por colegas

Saiba mais sobre as articulações polĂ­ticas e a eleiĂ§Ă£o suplementar no ParanĂ¡. Descubra os desdobramentos do escĂ¢ndalo e as consequĂªncias das decisões judiciais.

Publicado em: 19/07/2023 Ă s 17:35 | Atualizado em: 19/07/2023 Ă s 17:35

Sergio Moro, ex-juiz federal da Lava Jato e ex-ministro da Justiça e Segurança PĂºblica, estĂ¡ enfrentando um cenĂ¡rio polĂ­tico conturbado. Colegas do Senado jĂ¡ o consideram como “ex-senador em atividade”, “quase ex-senador” e “senador-zumbi”. Essas expressões foram compartilhadas com a coluna, mas os colegas pediram anonimato para evitar atritos polĂ­ticos. Um deles ressaltou que a convivĂªncia polĂ­tica serĂ¡ breve.

No entanto, a preocupaĂ§Ă£o com a etiqueta pode ser exagerada, uma vez que os polĂ­ticos jĂ¡ consideram como certa a cassaĂ§Ă£o de Moro e jĂ¡ estĂ£o se movimentando para a eleiĂ§Ă£o suplementar que provavelmente serĂ¡ realizada no ParanĂ¡. A prĂ©-prĂ©-campanha para ocupar a vaga que pode ser aberta estĂ¡ em pleno andamento.

Moro Ă© rĂ©u em ações relacionadas a abuso de poder econĂ´mico, caixa 2, uso indevido dos meios de comunicaĂ§Ă£o e irregularidades em contratos, que tramitam no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR). Curiosamente, as ações foram apresentadas tanto pelo partido de Jair Bolsonaro, o PL, quanto pelo partido de Lula, o PT.

Senadores afirmam que se o TRE-PR decidir a favor de Moro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) provavelmente nĂ£o tomarĂ¡ a mesma decisĂ£o. Eles citam como exemplo o caso da cassaĂ§Ă£o da senadora Selma Arruda em Mato Grosso, em 2019, que resultou em novas eleições e na escolha de Carlos FĂ¡varo (PSD) como novo senador.

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No PT, hĂ¡ interesse na vaga por parte de Roberto RequiĂ£o, Zeca Dirceu e Gleisi Hoffmann. Entre os aliados de Bolsonaro, Ricardo Barros (PP) e Paulo Martins (PL) se colocaram Ă  disposiĂ§Ă£o dos partidos.

Alvaro Dias (Podemos), um defensor ferrenho da operaĂ§Ă£o Lava Jato, foi um dos maiores entusiastas para que Moro ingressasse na polĂ­tica. Moro tentou a candidatura presidencial, mas acabou concorrendo ao Senado no ParanĂ¡ e derrotando o padrinho polĂ­tico, o que gerou acusações de traiĂ§Ă£o por parte dos eleitores de Dias.

Um dos senadores ouvidos expressou a sensaĂ§Ă£o de que estĂ£o discutindo o legado de alguĂ©m que ainda estĂ¡ vivo. Outro destacou que Moro foi vĂ­tima de sua prĂ³pria inexperiĂªncia na polĂ­tica partidĂ¡ria e da arrogĂ¢ncia de acreditar que ainda estava no comando da 13ª Vara Federal de Curitiba durante sua candidatura. Todos concordam que ele Ă© o Ăºnico responsĂ¡vel por seu prĂ³prio destino.

Moro condenou Lula, abrindo caminho para a vitĂ³ria de Bolsonaro ao retirar o petista da eleiĂ§Ă£o de 2018 e mantĂª-lo preso por 580 dias.

No entanto, com a revelaĂ§Ă£o de mensagens de Telegram que indicavam colaboraĂ§Ă£o entre Moro e procuradores da Lava Jato, seu trabalho foi questionado. O Supremo Tribunal Federal (STF) anulou sua condenaĂ§Ă£o contra Lula e considerou Moro parcial no julgamento do caso.

Cristiano Zanin, advogado de Lula, com quem Moro teve embates ao longo do processo, ocuparĂ¡ uma cadeira de ministro no STF a partir de agosto – uma posiĂ§Ă£o que Moro tambĂ©m ambicionava.

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Foto: Jefferson Rudy/AgĂªncia Senado