Por Iram Alfaia, de Brasília
O novato deputado Delegado Pablo (PSL, na foto) provocou reação da líder da Minoria na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), ao dizer que o ex-presidente Lula abriu “mão do sistema semiaberto porque ele não sabe trabalhar”.
Jandira subia à tribuna na noite deste terça-feira, dia 1º, para rebater um discurso de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) contra o seu partido, quando ouviu o deputado amazonense criticar o ex-presidente.
“Ao subir aqui, ouvi outra agressão ao nosso ex-presidente Lula, que, como o povo brasileiro, foi migrante do Nordeste brasileiro. Ele chegou a São Paulo e trabalhou como torneiro mecânico a vida inteira para ajudar sua família de muitos irmãos e sua mãe, para cuidar da família e sobreviver à fome”, disse a deputada.
Segundo ela, o deputado que agrediu o ex-presidente não sabe o que é fome. “Talvez não conheça o Brasil, e por isso tenha falado esse impropério contra um homem que representa muito mais o Brasil do que ele. Hoje, agride um ex-presidente que não tem nenhuma prova contra si e que, na verdade, tem dito que não quer o semiaberto porque não quer negociar sua liberdade”, discursou.
“Por isso, deixo meu desagravo ao ex-presidente Lula, que teve uma vida inteira de trabalho não só pela sua família, mas por todo o povo brasileiro. Presto minha solidariedade ao ex-presidente Lula”, finalizou.
Delegado Pablo ironizou e disse que estava se solidarizando com os deputados da esquerda, que “tanto falam em Lula Livre”.
“O ex-presidente Lula disse que não quer sair da cadeia, e eu vou explicar a eles por quê. A Lei de Execução Penal fala no artigo 112 que o preso tem que, após cumprir um sexto da pena, voltar à noite para casa e trabalhar durante o dia. Como ele não está acostumado a trabalhar, então ele não pode usufruir do benefício”,
Prosseguiu: “Logo, o ex-presidente Lula abriu mão do semiaberto porque ele não sabe trabalhar. Está muito claro, o Brasil todo sabe”.
O deputado ainda insinuou que o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot era um aliado do ex-presidente. Ele disse que apresentou um requerimento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para que o ex-procurador deponha no colegiado.
“Para explicar para todos os brasileiros o que aconteceu na Lava Jato, quem verdadeiramente travou as investigações, o que aconteceu dentro dessa operação e por que ele foi objeto de mandado de busca e apreensão”, justificou.
Foto: Reprodução/TV Câmara