Presidente da Petrobrás irrita Aziz após se gabar de não reajustar gás

General que preside a estatal foi firmemente contestado pelo senador do Amazonas quando citou período em que o gás não teve reajuste como se fosse favor

Omar Azi, presidente da CPI da Covid do senado, em entrevista ao Roda Vida

Aguinaldo Rodrigues, da Redação do BNC Amazonas em Brasília*

Publicado em: 24/11/2021 às 05:00 | Atualizado em: 23/11/2021 às 19:56

Ao afirmar que a estatal ficou 90 dias sem reajustar o gás de cozinha (GLP), o presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, tirou do sério o senador Omar Aziz (PSD-AM). Foi nesta terça-feira (23), durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado.

“O salário do trabalhador brasileiro não é alterado a cada 90 dias, como o combustível é hoje, quase diariamente. É uma brincadeira achar que se está fazendo um grande favor aos brasileiros”, indignou-se o senador.

Em audiência de quase três horas de duração, Silva e Luna omitiu que somente neste ano, nas refinarias, a gasolina subiu 71,6%, com 13 aumentos; o diesel 64,5%, com 14 altas; e o gás de cozinha 47,7%, com oito reajustes.

“O governo é preguiçoso e incompetente na gestão da crise dos preços dos combustíveis. A Petrobrás é uma empresa altamente lucrativa e está ganhando muito dinheiro com a alta da gasolina, diesel e gás de cozinha. Há soluções para o problema e vamos encontrar elas aqui no Senado”, reagiu o senador Jean Paul (PT-RN).

O presidente da CAE, senador Otto Alencar (PSD-BA), indagou ao presidente da Petrobrás sobre notícias de que as refinarias estariam operando abaixo da capacidade máxima, 60%. Por exemplo, a refinaria Landulpho Alves, na Bahia.

Silva e Luna afirmou que a média de produção das atuais 13 refinarias está em torno de 90%.

A pedido de Jean Paul e Alencar, o general se comprometeu a enviar à CAE a informação “em tempo real e de fonte fidedigna” (em suas palavras) do atual “fator de utilização” das refinarias.

Em nota, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) disse que o general voltou a mentir sobre as refinarias.

“Mentiu também ao inflar o atual nível de utilização da capacidade de refino e não disse que a gestão da empresa reduziu deliberadamente o fator de utilização das refinarias, que hoje atinge 75%, em média”, diz a entidade.

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Favorecimento à importação

A medida provocou redução, de acordo com a FUP, na produção interna e elevou importações de derivados, a preços de PPI, que só beneficiam tradings e importadores.

“As refinarias da Petrobrás podem refinar 2,4 milhões de petróleo por dia, mas, por decisão da gestão da empresa, elas estão refinando abaixo dessa capacidade. Desde que o PPI foi implantado em 2016, as refinarias tiveram a carga de produção reduzida e operam hoje com uma média de 75% de sua capacidade total. Com isso, o Brasil passou a importar cada vez mais derivados”, destaca o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.

Segundo ele, quem ganha com essa política são as importadoras de combustíveis.

*Com informações da Agência Senado e FUP

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado