Ao afirmar que a estatal ficou 90 dias sem reajustar o gás de cozinha (GLP), o presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, tirou do sério o senador Omar Aziz (PSD-AM). Foi nesta terça-feira (23), durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado.
“O salário do trabalhador brasileiro não é alterado a cada 90 dias, como o combustível é hoje, quase diariamente. É uma brincadeira achar que se está fazendo um grande favor aos brasileiros”, indignou-se o senador.
Em audiência de quase três horas de duração, Silva e Luna omitiu que somente neste ano, nas refinarias, a gasolina subiu 71,6%, com 13 aumentos; o diesel 64,5%, com 14 altas; e o gás de cozinha 47,7%, com oito reajustes.
“O governo é preguiçoso e incompetente na gestão da crise dos preços dos combustíveis. A Petrobrás é uma empresa altamente lucrativa e está ganhando muito dinheiro com a alta da gasolina, diesel e gás de cozinha. Há soluções para o problema e vamos encontrar elas aqui no Senado”, reagiu o senador Jean Paul (PT-RN).
O presidente da CAE, senador Otto Alencar (PSD-BA), indagou ao presidente da Petrobrás sobre notícias de que as refinarias estariam operando abaixo da capacidade máxima, 60%. Por exemplo, a refinaria Landulpho Alves, na Bahia.
Silva e Luna afirmou que a média de produção das atuais 13 refinarias está em torno de 90%.
A pedido de Jean Paul e Alencar, o general se comprometeu a enviar à CAE a informação “em tempo real e de fonte fidedigna” (em suas palavras) do atual “fator de utilização” das refinarias.
Em nota, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) disse que o general voltou a mentir sobre as refinarias.
“Mentiu também ao inflar o atual nível de utilização da capacidade de refino e não disse que a gestão da empresa reduziu deliberadamente o fator de utilização das refinarias, que hoje atinge 75%, em média”, diz a entidade.
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Favorecimento à importação
A medida provocou redução, de acordo com a FUP, na produção interna e elevou importações de derivados, a preços de PPI, que só beneficiam tradings e importadores.
“As refinarias da Petrobrás podem refinar 2,4 milhões de petróleo por dia, mas, por decisão da gestão da empresa, elas estão refinando abaixo dessa capacidade. Desde que o PPI foi implantado em 2016, as refinarias tiveram a carga de produção reduzida e operam hoje com uma média de 75% de sua capacidade total. Com isso, o Brasil passou a importar cada vez mais derivados”, destaca o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.
Segundo ele, quem ganha com essa política são as importadoras de combustíveis.
* Com informações da Agência Senado e FUP
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado