Por Iram Alfaia , de Brasília
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse que demorou muito para o Brasil ter um selo internacional para os produtos agrícolas e pecuários no mercado exterior. Segundo ela, todo esse trabalho está sendo “jogado no lixo” pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).
“Aliás, ele se diz orgulhoso, que é o presidente motosserra, agora, ele está se dizendo que é o presidente Nero”, ironizou.
A deputada federal faz referência as ameaças internacionais como a do ministro da Economia da Filândia, Mika Lintila, que solicitou à União Europeia a possibilidade de proibir as importações de carne bovina brasileira por conta do desmatamento na Amazônia.
Os países mais ricos do mundo também terão uma reunião de urgência do G7 para tratar das queimadas na região.
“O Brasil está sendo rechaçado no mundo inteiro, porque o desmatamento na Amazônia registrou um aumento de 278% em relação ao mesmo mês do ano passado. Esses são os dados registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um instituto reconhecido internacionalmente, no qual Bolsonaro interveio, mandando proibir a divulgação dos dados”, discursou no plenário da Câmara.
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Lembrou que a gravidade do problema levou a Alemanha e a Noruega suspenderam o dinheiro de R$ 283 milhões que passavam para um fundo da Amazônia, uma cooperação internacional criada por Lula em 2008.
“Bolsonaro disse que não precisa desse dinheiro. Mas, na semana passada, ele disse que está sem dinheiro, que o Brasil não tem dinheiro nenhum, que os ministérios não têm dinheiro. Então, como ele rechaça um dinheiro que pode ajudar a nossa proteção ambiental?”, afirmou.
Forças armadas
A presidente do PT ainda questionou a presença das forças armadas na defesa da Amazônia. “Generais que estão no Governo do Bolsonaro, respondam, por favor: o que vocês estão fazendo com as Forças Armadas Brasileiras? Estão ajudando o Brasil a passar vergonha!”, criticou.
Gleisi Hoffmann aproveitou para fazer uma regaste do legado deixado pelo governos petistas na área ambiental. Lembrou que o Brasil ganhou, em 2014, o reconhecimento das Nações Unidas como um exemplo que o mundo deveria seguir no combate ao desmatamento.
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Na ocasião, a ONU afirmou por meio de relatório que as mudanças na Amazônia brasileira na década passada e sua contribuição para retardar o aquecimento global não tinha precedentes.
“Lula reduziu o desmatamento anual na Amazônia de 27.772 quilômetros quadrados em 2004 para apenas 7 mil quilômetros quadrados em 2010, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial, o Inpe, esse que Bolsonaro quer fechar”, argumentou.
A queda do desmatamento nos governos Lula e Dilma foi de 82%. “Eu era a Chefe da Casa Civil e tive a honra de estar junto com a ministra Izabella, do Meio Ambiente. Nós mobilizávamos as Forças Armadas e a Força Nacional de Segurança para atuarem em solo amazônico. As vantagens e as melhorias do Lula e da Dilma nessa área foram imensas, tanto que o Itamaraty está usando os nossos dados, os dados dos nossos Governos, para tentar proteger o Brasil. É muita canalhice isso”, protestou.
Queimadas
A deputada petista também divulgou uma nota técnica do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) apontando que as queimadas na Amazônia em 2019 seguem o rastro do desmatamento, não da seca.
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O dia em que todos se preocuparam com a Amazônia
Segundo o estudo, o número de focos de calor registrados na Amazônia já é 60% mais alto do que o registrado nos últimos três anos, e o pico tem relação com o desmatamento, não com a seca, não há fogo natural na Amazônia.
O Instituto Ambiental diz que são pessoas que praticam queimadas que podem piorar e virar incêndios.
“Isso é muito triste, porque isso depõe contra o nosso meio ambiente, mas isso depõe também contra a vida dos nossos povos originários, população indígena, quilombola, isso depõe também contra a saúde das populações que vivem e que moram na região Amazônica, isso depõe contra a produção do Brasil”, lamentou a parlamentar.
Foto: BNC