Procuradores do municĂ­pio e defensor pĂºblico batem boca no TCE

Publicado em: 17/10/2017 Ă s 17:07 | Atualizado em: 17/10/2017 Ă s 18:27

Da RedaĂ§Ă£o

 

O procurador-geral do municĂ­pio, Marcos Cavalcanti, e o subprocurador-geral, Rafael Gomes de Oliveira, bateram boca com o defensor pĂºblico Carlos Alberto Almeida Filho, em reuniĂ£o com os funcionĂ¡rios no Regime de Direito Administrativo (Rdas) logo apĂ³s o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) chancelar a demissĂ£o dos primeiros 751 servidores nesta condiĂ§Ă£o.

A proposta para o desligamento de 10% dos funcionĂ¡rios nesta situaĂ§Ă£o foi feita no texto do Termo de Ajuste de GestĂ£o (TAG) apresentado pela Procuradoria Geral do MunicĂ­pio (PGM), que representa a Prefeitura de Manaus no caso.

A polĂªmica da briga entre os procuradores e o defensor ocorreu porque os representantes da prefeitura afirmaram que servidores e prefeitura estavam do mesmo lado, que nĂ£o era estratĂ©gico brigarem e que qualquer pessoa que insinuasse que os RDAs poderiam ter estabilidade estava mentindo.

“Nem sempre serĂ¡ o que gostarĂ­amos que fosse, mas a verdade sempre serĂ¡ dada porque Ă© um direto de vocĂªs. NĂ£o Ă© estratĂ©gico que sejamos adversĂ¡rios porque nĂ³s nĂ£o somos”, afirmou o procurador geral do municĂ­pio Marcos Cavalcanti.

O defensor pĂºblico Carlos Almeida colocou para todos ouvirem gravaĂ§Ă£o feita pelo prefeito de Manaus, Artur VirgĂ­lio  Neto (PSDB), durante a campanha eleitoral do ano passado, dizendo que nenhum RDA seria demitido.

“Eu nĂ£o suporto ser chamado de mentiroso. O que eu tenho aqui Ă© um vĂ­deo do senhor prefeito de Manaus dizendo que nĂ£o ia abrir mĂ£o de nenhum de vocĂªs. JĂºlio CĂ©sar, hĂ¡ milhares de anos atrĂ¡s, disse que a melhor estratĂ©gia para vocĂª destruir um exĂ©rcito gigantesco era dividir em pedaços menores. Hoje, a PGM propĂ´s destruir 10% de vocĂªs e conseguiu. Tem um prefeito que diz uma coisa para mim e para vocĂªs e uma PGM que faz o contrĂ¡rio. AĂ­ vem na minha cara dizer que eu sou mentiroso. NĂ£o sou mentiroso. O que eu nĂ£o sou Ă© duas caras”, afirmou  Carlos Almeida.

Fora dos microfones, segundo pessoas que acompanharam a audiĂªncia apĂ³s a sessĂ£o do TCE-AM, o subprocurador Rafael Oliveira demonstrando irritaĂ§Ă£o disse que Carlos Almeida estava mentindo.

O defensor pĂºblico afirmou que nĂ£o pode admitir que os servidores, nesta condiĂ§Ă£o, sejam demitidos sem nenhuma indenizaĂ§Ă£o e sem direito Ă  aposentadoria.

“A Defensoria sabe da situaĂ§Ă£o da ilegalidade e sempre falou isso aos servidores. Agora, nĂ£o vou aceitar que os servidores que eu defendo hĂ¡ anos saiam sem nada, sem nenhuma indenizaĂ§Ă£o. A indenizaĂ§Ă£o que ele estĂ¡ falando Ă© mentira. No Estado, trĂªs mil foram demitidos e atĂ© agora nĂ£o receberam nada. E vocĂªs tĂªm uma questĂ£o previdenciĂ¡ria. VocĂªs nĂ£o vĂ£o se aposentar”, afirmou Carlos Almeida Filho.

O defensor afirmou, ainda, que, contrariamente ao que Marcos Cavalcanti estava falando aos servidores, a PGM sempre atacou e contestou as defesas dos RDAs.

“A Defensoria tem ações judiciais e recebe ataques constantes. A PGM ataca as ações da Defensoria. As contestações sĂ£o da PGM. Tem ataque Ă  aĂ§Ă£o civil pĂºblica e o ataque que a PGM fez Ă  alteraĂ§Ă£o na Lei OrgĂ¢nica do MunicĂ­pio de Manaus (Loman). Vou disponibilizar essas contestações na internet”, disse.

Em janeiro de 2012, um ano apĂ³s o prefeito Artur assumir, a emenda Ă  LOMAN apresentada pelo vereador Gilmar Nascimento para garantir seguridade aos funcionĂ¡rios RDAs recebeu parecer favorĂ¡vel da Procuradoria Geral do Estado e contrĂ¡rio da PGM.

 

Aposentadoria dos RDAs

A questĂ£o dos RDAs da prefeitura alĂ©m de polĂªmica e antiga Ă© tambĂ©m muito complexa.

SĂ£o cerca de 7 mil funcionĂ¡rios contratados de forma precĂ¡ria para, inicialmente, trabalhar por no mĂ¡ximo quatro anos e acabaram permanecendo no quadro por dĂ©cadas.

De acordo com ações judiciais da Defensoria PĂºblica em favor dos servidores, a prefeitura recolheu a contribuiĂ§Ă£o previdenciĂ¡ria destes funcionĂ¡rios no Manausprev e agora, quem jĂ¡ teria tempo de aposentadoria, nĂ£o consegue que o INSS reconheça o tempo de contribuiĂ§Ă£o embora  os servidores tenham recolhido o recurso.

O argumento favorĂ¡vel Ă  permanĂªncia desses servidores no quadro da prefeitura Ă© que a maioria Ă© formada por funcionĂ¡rios que ocupam funções como garis, tapa-buracos, tem mais de 20 anos de serviço pĂºblico, estĂ£o prestes a se aposentar (outro problema da administraĂ§Ă£o pĂºblica) e nĂ£o conseguiriam se reinserir no mercado de trabalho. Em funĂ§Ă£o disso, a Defensoria defende que funcionĂ¡rios mais de 40 anos e/ou dez anos de trabalhos ininterruptos nĂ£o sejam dispensados.

O TAG que atinge parte das pastas da prefeitura nesta condiĂ§Ă£o apontou como limite os funcionĂ¡rios com mais de 50 anos, considerando que apenas estes terĂ£o  dificuldades de reinserĂ§Ă£o no mercado de trabalho.

Foto: DivulgaĂ§Ă£o Defensoria PĂºblica

 

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