RĂ©us da Cashback tiveram acesso antecipado a operaĂ§Ă£o da PF, diz MPF

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Publicado em: 08/08/2019 Ă s 14:51 | Atualizado em: 08/08/2019 Ă s 15:08

A Justiça Federal recebeu a denĂºncia oferecida pelo MinistĂ©rio PĂºblico Federal (MPF) no Amazonas contra Mouhamad Moustafa, Murad Aziz, Gilberto Aguiar, Lino ChĂ­xaro, Marco AntĂ´nio Barbosa e Jader Helker Pinto, por embaraço a investigações da OperaĂ§Ă£o Maus Caminhos. De acordo com a denĂºncia, os rĂ©us tiveram acesso a informações sobre a deflagraĂ§Ă£o da OperaĂ§Ă£o Cashback, quarta fase da Maus Caminhos, antes do cumprimento das medidas.

Na aĂ§Ă£o penal, o MPF aponta que Gilberto Aguiar teve acesso Ă s informações sobre a OperaĂ§Ă£o Cashback, com deflagraĂ§Ă£o prevista entre 24 e 28 de setembro de 2018, e alertou outros alvos sobre as medidas a serem cumpridas.

Entre os que receberam as informações repassadas por Gilberto Aguiar estĂ¡ Jader Helker Pinto. Ele Ă© cunhado de Mansur Aziz, que Ă© irmĂ£o de Murad Aziz, um dos alvos da OperaĂ§Ă£o Cashback. Ao informar Jader sobre a realizaĂ§Ă£o da operaĂ§Ă£o, por meio de mensagens de texto em aplicativo de celular, Gilberto citou inclusive pessoas que seriam presas naquela fase da OperaĂ§Ă£o Maus Caminhos, o que demonstra bastante conhecimento das medidas atĂ© entĂ£o sob sigilo e que ainda seriam efetivadas.

 

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Mouhamad Moustafa foi avisado por Gilberto Aguiar sobre a OperaĂ§Ă£o Cashback. Os dois foram presos, em dezembro de 2018, apĂ³s comprovaĂ§Ă£o de que haviam se comunicado para repassar os dados sigilosos sobre a deflagraĂ§Ă£o, o que contrariou medida cautelar determinada no momento em que haviam sido soltos, em 2017, apĂ³s a prisĂ£o na primeira fase da OperaĂ§Ă£o Maus Caminhos.

 

RĂ©us nĂ£o encontrados

Investigações apontam que, a partir da comunicaĂ§Ă£o de Gilberto com Mouhamad e Jader, outros envolvidos na OperaĂ§Ă£o Cashback tambĂ©m ficaram sabendo de antemĂ£o que seriam alvos, como foi o caso de Murad Aziz, Lino ChĂ­xaro e Marco AntĂ´nio Barbosa.

Conforme descrito na aĂ§Ă£o penal, Murad Aziz ocultou bens de interesse da investigaĂ§Ă£o e nĂ£o estava na residĂªncia no momento do cumprimento das medidas pela PolĂ­cia Federal. NĂ£o foi encontrado o notebook de uso pessoal de Murad nem a coleĂ§Ă£o de relĂ³gios de luxo dele, e o cofre da casa estava vazio.

A academia AZ Fitness, de propriedade de Murad e localizada em terreno contĂ­guo Ă  casa dele, divulgou, no dia 10 de outubro de 2018, que nĂ£o funcionaria no dia seguinte – data efetiva da deflagraĂ§Ă£o da OperaĂ§Ă£o Cashback – em razĂ£o de supostos problemas elĂ©tricos. Entretanto, agentes da PolĂ­cia Federal constataram, no dia 11 de outubro, que nĂ£o havia qualquer problema na rede elĂ©trica da academia. HĂ¡ indĂ­cios de que a academia, que possuĂ­a ligaĂ§Ă£o interna com a residĂªncia de Murad, guardava bens do rĂ©u, inclusive de natureza pessoal, que interessavam Ă  investigaĂ§Ă£o.

Lino ChĂ­xaro foi outro dos alvos que nĂ£o foi encontrado em casa no momento do cumprimento das medidas da operaĂ§Ă£o. Embora os agentes da PolĂ­cia Federal tenham chegado Ă  residĂªncia Ă s 5h50, foram informados que Lino havia saĂ­do para caminhar e que os filhos pequenos do rĂ©u jĂ¡ haviam ido para a escola. AlĂ©m disso, o celular entregue por Lino ChĂ­xaro posteriormente para a PolĂ­cia nĂ£o foi o aparelho efetivamente utilizado por ele, e sim um aparelho antigo.

AlĂ©m deles, o empresĂ¡rio Marco AntĂ´nio Barbosa tambĂ©m nĂ£o foi encontrado em casa pelos agentes da PolĂ­cia Federal. Nas buscas na residĂªncia do rĂ©u tambĂ©m nĂ£o foram localizados aparelhos celulares, computadores, tablets ou qualquer outro material eletrĂ´nico de interesse da investigaĂ§Ă£o. Aparelhos telefĂ´nicos de Marco AntĂ´nio sĂ³ foram apreendidos dias depois, em cumprimento de busca e apreensĂ£o na casa da sogra dele, mas com as conversas do aplicativo Whatsapp apagadas.

 

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Na aĂ§Ă£o penal, o MPF pede a condenaĂ§Ă£o dos acusados por embaraçar a investigaĂ§Ă£o de infraĂ§Ă£o penal que envolve organizaĂ§Ă£o criminosa, crime previsto no artigo 2º, §1º, da Lei 12.850/13, que tem pena prevista de trĂªs a oito anos de prisĂ£o e multa.

A aĂ§Ă£o penal tramita na 4ª Vara Federal no Amazonas, sob o nº 0008371-24.2019.4.01.3200.

 

*Com informações da assessoria de imprensa. 

 

Foto: Israel Conte/BNC