Nas montagens das estratégias das eleições de 2026 no Amazonas, para governador e senador, há três grandes tabuleiros sendo montados.
No centro deles, três jogadores se sobressaem. Eles são o senador Omar Aziz (PSD), o governador Wilson Lima (União Brasil) e o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante).
Jogo 1
Dos três, o jogo mais ousado, conforme se percebe em seus movimentos, é o de Omar Aziz .
Ele estreita relações com Eduardo Braga (MDB), seu colega de Senado, aproxima-se de Wilson Lima e tenta convencer David Almeida a apoiá-lo.
Nesse caso, o que poderia acontecer?
Primeiramente, convencer Lima a ficar no governo e evitar que o prefeito da capital se agigante no ano eleitoral.
Em troca, o governador, que já admite ficar até o fim do mandato, em 2026, abrindo mão de disputar nova eleição, ganharia paz.
Essa paz pode traduzir-se em um possível cargo vitalício (Tribunal de Contas, por exemplo) e sossego processual.
Há processos nas cortes superiores que podem perturbar Lima após 2026, ou até mesmo antes.
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David Almeida senador?
Com força em Manaus, sem o governo e sem força no interior do estado, Almeida, nesse jogo, pode ganhar um mandato de oito anos no Senado da República.
Além disso, ainda permaneceria com a Prefeitura de Manaus. Isso porque Renato Júnior (Avante) assumiria o cargo de prefeito por dois anos, com chance de reeleição.
Nesse jogo, Tadeu de Souza (Avante), vice-governador, é uma peça apenas em observação.
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Jogo 2
No segundo tabuleiro está Almeida no comando do jogo.
Ele tem pesquisas internas que mostram que ele tem de sobra o que Aziz não tem: apoio eleitoral em Manaus.
De olho nisso, o prefeito pode montar uma chapa a governador, apesar de ter dito a Aziz que estará fora das eleições de 2026.
Contudo, ele pode se realinhar com Wilson Lima, oferecer-lhe o Senado e, em troca, ganhar uma fatia do interior que está sob liderança do governador.
Nesse caso, a saída de Lima implica ver Tadeu de Souza governador. No cargo, ele pode disputar a reeleição, como fizeram Aziz (2010) e José Melo (2014).
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Jogo 3
O terceiro tabuleiro pode ser montado pelo próprio governador.
Apesar de estar caminhando para o fim de seu mandato, Lima ainda tem sob sua caneta um orçamento de quase R$ 70 bilhões (2025 e 2026).
Portanto, uma chapa montada por ele é possível sim.
Lima pode comandar, por exemplo, uma campanha da direita bolsonarista em 2026.
O primeiro sinal nessa direção já foi dado ao procurar o presidente do PL no Amazonas, o ex-senador Alfredo Nascimento.
Nesse terceiro jogo, só existem traços. Os jogadores ainda não estão definidos, mas o técnico já se conhece: o próprio governador.
Para Lima, esse cenário não é novidade. Em 2018, quando se elegeu governador, pode-se dizer que ele era apenas uma ideia.
É que as pesquisas de então diziam que o eleitor preferia votar no novo (sem nome). Amazonino Mendes, governador-tampão da época, aparecia em segunda posição.
Quando se lançou candidato, então improvável, Lima já liderava a partida. E a venceu, derrotando um mito da política regional.
Uma coisa anima os aliados de Lima a entrar no confronto: a força dos conservadores, da direita e dós bolsonaristas.
Para que fique claro: conservadores aqui precisam ser entendidos como evangélicos, que são os quase 50% em Manaus. Esses evangélicos tradicionalmente caminham com a direita.
Ilustração: Gilmal