Senado barra diplomata indicado por Bolsonaro para delegado na ONU

A decisĂ£o foi vista como uma derrota do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Ernesto AraĂºjo (Relações Exteriores). Esta Ă© a primeira rejeiĂ§Ă£o de um diplomata na gestĂ£o atual

Senado barra diplomata indicado por Bolsonaro para delegado na ONU

Publicado em: 16/12/2020 Ă s 08:51 | Atualizado em: 16/12/2020 Ă s 08:51

Por 37 votos a 9, o Senado barrou nesta terça-feira (15) a indicaĂ§Ă£o do embaixador Fabio Mendes Marzano como delegado permanente do Brasil junto Ă  OrganizaĂ§Ă£o das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça.

A decisĂ£o foi vista como uma derrota do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Ernesto AraĂºjo (Relações Exteriores). Esta Ă© a primeira rejeiĂ§Ă£o de um diplomata na gestĂ£o atual.

Um dia antes, Marzano teve o nome aprovado por unanimidade na ComissĂ£o de Relações Exteriores (CRE) da Casa.

 

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Na ocasiĂ£o, no entanto, ele protagonizou um embate com a senadora KĂ¡tia Abreu (PP-TO), apĂ³s ter se recusado a responder como a imagem ambiental do Brasil prejudicava a assinatura do acordo de livre-comĂ©rcio entre o Mercosul e a UniĂ£o Europeia.

Marzano, que estĂ¡ atualmente na Secretaria de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania do Itamaraty, afirmou que nĂ£o responderia a pergunta porque a delegaĂ§Ă£o em Genebra “nĂ£o se ocupa de temas ambientais”.

“O Conselho dos Direitos Humanos Ă© o principal organismo. EntĂ£o, as temĂ¡ticas estĂ£o mais relacionadas com os direitos humanos. HĂ¡, em Genebra, alguns mecanismos, mas sĂ£o subsidiĂ¡rios, como, por exemplo, a ConvenĂ§Ă£o de Minamata sobre MercĂºrio e a ConvenĂ§Ă£o para a ProteĂ§Ă£o da Flora e da Fauna, mas a delegaĂ§Ă£o nĂ£o se ocupa do acordo UniĂ£o Europeia. EntĂ£o, se a senhora me permite, eu nĂ£o estaria mandatado para opinar aqui sobre o acordo Mercosul-UniĂ£o Europeia, porque tampouco Ă© uma atribuiĂ§Ă£o da minha secretaria atual no Itamaraty negociar esse acordo”, declarou.

Diante da insistĂªncia da parlamentar para que respondesse, Marzano voltou a dizer que nĂ£o se pronunciaria sobre o assunto:

“De fato, a minha Secretaria, no seu portfĂ³lio, cuida de temas de meio ambiente, mas eu nĂ£o sou o responsĂ¡vel pelo acordo Mercosul–UniĂ£o Europeia, portanto, nĂ£o me cabe me pronunciar sobre esse acordo.

A senadora, entĂ£o, afirmou que o Itamaraty “estĂ¡ virando uma casa dos terrores, onde os embaixadores nĂ£o podem abrir a boca e dar as suas opiniões”.

Ela chegou a fazer um protesto para reverter o seu voto favorĂ¡vel ao diplomata, mas foi informada que isto nĂ£o seria mais possĂ­vel.

Nesta terça, durante discussĂ£o em plenĂ¡rio, o lĂ­der do PSL no Senado, Major OlĂ­mpio (SP), criticou Marzano.

Para o parlamentar, o diplomata “agiu de maneira grotesca, irresponsĂ¡vel, simplesmente disse que nĂ£o era da sua alçada e nĂ£o iria responder Ă  senadora”.

“Quero dizer agora ao Brasil que, se o Senado votar nesse cara, nĂ³s estaremos negando a nossa prĂ³pria existĂªncia e o respeito a cada um de nĂ³s. EntĂ£o, eu peço, eu encareço: vamos votar contra, o Senado todo. Que se faça outra indicaĂ§Ă£o no começo do ano. Mas vir aqui dizer o que foi dito, de forma grotesca, e isso sair barato! “Ah, mas eu sou do time do chanceler”. Para o inferno o chanceler! Respeito ao Senado, respeito aos Senadores! Vamos todos votar contra esse cidadĂ£o”,  defendeu o senador.

 

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Foto: divulgaĂ§Ă£o