Após coronavírus, novo arenavírus mata na Bolívia e rato é vilão
O novo vírus da Bolívia foi documentado pela primeira vez em 2008. Seu hospedeiro natural são roedores nativos da região e, até então, acreditava-se que a transmissão entre humanos era impossível

Mariane Veiga
Publicado em: 18/11/2020 às 11:00 | Atualizado em: 18/11/2020 às 11:10
Cientistas da Bolívia e dos Estados Unidos relataram, nesta semana, evidências da transmissão entre humanos do raro vírus Chapare, em 2019, em La Paz, na Bolívia.
A virose causa febre hemorrágica, que pode ser mortal e tem sintomas parecidos os do ebola e da dengue.
Por enquanto, os pesquisadores não têm muitas informações sobre o vírus. No entanto, ele não é tão transmissível quanto o novo coronavírus (covid-19). Até o momento, não há relatos do Chapare fora da Bolívia.
Em entrevista ao jornal The Guardian, a epidemiologista Caitlin Cossaboom, do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, afirmou que três pessoas já morreram por causa do vírus.
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“Nossa pesquisa confirmou que um jovem residente médico, um médico da ambulância e um gastroenterologista contraíram o vírus após terem contato com pacientes infectados. Agora, acreditamos que muitos fluidos corporais podem potencialmente carregar o vírus.”.
Vírus está presente em roedores
O vírus Chapare é um arenavirus do Novo Mundo, um grupo de vírus causadores de febre hemorrágica, doença que pode ser mortal e incluem sintomas como febre, fortes dores no corpo, vômito, feridas na pele e sinais múltiplos de hemorragia.
Assim como o novo coronavírus, também é um vírus zoonótico, ou seja, está presente em animais —no caso, em roedores.
Os arenavirus sul-americanos são conhecidos desde os anos 1950 —inclusive no Brasil—, mas a sua transmissão para humanos é considerada muito rara.
Segundo o Ministério da Saúde da Bolívia, a febre hemorrágica causada pelo vírus não possui tratamento.
“Não existem antivirais específicos para esse tipo de doença, é claro que, em termos de opções terapêuticas, se aproveita tudo o que a humanidade tem em mãos”, declarou, em 2019, a ex-ministra da Saúde, Gabriela Montaño.
O novo vírus da Bolívia foi documentado pela primeira vez em 2008. Seu hospedeiro natural são roedores nativos da região e, até então, acreditava-se que a transmissão entre humanos era impossível.
Essa percepção começou a mudar no meio do ano passado, quando, 15 anos depois, o vírus voltou a aparecer.
Mas, desta vez, a 800 quilômetros de distância de Chapare, na capital La Paz. Cinco pessoas foram infectadas, e três delas morreram.
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Foto: Reprodução Agência Br/Presidência da Bolívia