Bolsonaro recebeu joias das arábias e ficou com elas, diz coronel

Documento demonstra que funcionário entregou ao então presidente o estojo saudita em novembro de 2022

Mariane Veiga

Publicado em: 07/03/2023 às 22:17 | Atualizado em: 08/03/2023 às 00:15

O tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), disse nesta terça-feira (7) que o ex-presidente mantém em seu “acervo privado” um estojo de joias trazido ao Brasil por uma comitiva chefiada pelo ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque. A declaração foi concedida ao jornal O Estado de S. Paulo.

Em outubro de 2021, a Receita Federal interceptou no Aeroporto de Guarulhos uma caixa de joias avaliadas em 16,5 milhões de reais.

Elas teriam sido enviadas como um presente do governo da Arábia Saudita e foram apreendidas na mochila de um assessor de Albuquerque.

Na alfândega do aeroporto, um agente decidiu reter as joias, uma vez que no Brasil é necessário declarar à Receita a entrada de qualquer bem cujo valor supere mil dólares.

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Um segundo conjunto trazido pela comitiva, porém, não foi notado pelo Fisco e continha um relógio com pulseira em couro, um par de abotoaduras, uma caneta rosa gold, anel e um masbaha (espécie de rosário) rose gold, todos da marca suíça de luxo Chopard.

O Estadão mostrou nesta terça que Bolsonaro recebeu pessoalmente, em novembro de 2022, esse segundo pacote enviado pelo governo saudita.

O veículo obteve um recibo a indicar que o funcionário Rodrigo Carlos dos Santos entregou as joias ao ex-capitão às 15h20 de 29 de novembro do ano passado.

Um dos itens do documento questiona se foi visualizado pelo presidente. A resposta é “sim”.

Ainda que se trate de um presente de um Estado para outro, o conjunto deveria ter sido declarado e encaminhado ao acervo da Presidência da República.

O documento revelado nesta terça coloca em xeque uma alegação de Bolsonaro sobre o episódio.

“Estou sendo crucificado no Brasil por um presente que não pedi e nem recebi. Vi em alguns jornais de forma maldosa dizendo que eu tentei trazer joias ilegais para o Brasil. Não existe isso”, disse o ex-capitão, nos Estados Unidos, no último final de semana.

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Foto: Alan Santos/Presidência da República