Congresso deixa para Bolsonaro escolha de categorias que terão reajuste

Nos bastidores, a falta do carimbo da verba foi vista como uma forma de a classe política evitar desgaste com todas as outras carreiras que não receberão aumento

Congresso faz espécie de “Black Friday” de propostas e aceleram votação

Diamantino Junior

Publicado em: 22/12/2021 às 10:08 | Atualizado em: 22/12/2021 às 10:08

Embora o Congresso Nacional tenha aprovado uma reserva de R$ 1,7 bilhão para o governo conceder reajuste a servidores, caberá ao presidente Jair Bolsonaro escolher os agraciados. Ele havia prometido que os destinatários seriam as carreiras de segurança como a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal (PF) e servidores do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

No texto aprovado nesta terça (21), o relator do Orçamento de 2022, Hugo Leal (PSD-RJ), apenas indicou que o montante foi reservado sem carimbar os valores especificamente para os policiais.

“Limite destinado ao atendimento de PLs relativos a reestruturação e/ou aumento de remuneração de cargos, funções e carreiras no âmbito do Poder Executivo”, diz trecho do relatório do Orçamento sobre o R$ 1,7 bilhão.

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Nos bastidores, a falta do carimbo da verba foi vista como uma forma de a classe política evitar desgaste com todas as outras carreiras que não receberão aumento.

No Ministério da Justiça, que enfrentou o Ministério da Economia para conseguir o aumento, a expectativa é que a destinação ao reajuste dos policiais deverá ser feita por meio de uma Medida Provisória a ser editada no início de janeiro.

A previsão da pasta era de aumento para essas categorias com custo de R$ 2,8 bilhões somente em 2022 e cerca de R$ 11 bilhões até 2024.

Com a redução feita pelo Congresso, as contas serão refeitas para se chegar a um valor possível.

Como mostrou a Folha, o governo Bolsonaro estuda a possibilidade de elevar o salário máximo de delegado da PF para o teto do funcionalismo público, atualmente em R$ 39.293,92 — o mesmo de um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).

A verba para reajuste a policiais resultou em um jogo de empurra e numa guerra de versões durante a votação do Orçamento 2022.

Como mostrou o Painel, o relator não incluiu em um primeiro momento a reserva e os policiais passaram a culpar o ministro Paulo Guedes pela ausência.

O Ministério da Economia rebateu a versão e disse que o ministro fez sua parte em encaminhar ofício ao Congresso em que pede a reserva de valores específicos para a questão, mas que caberia aos políticos indicar os policiais como destino.

Após o embate, Hugo Leal inclui o montante, mas sem deixar explícito que o reajuste seria para as carreiras de segurança.

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil