Escola cívico-militar: só 0,2% de verba de Bolsonaro explica fracasso
"Não há evidências de resultados”, diz o governo, que não vai criar mais escolas desse modelo

Da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 29/04/2023 às 12:25 | Atualizado em: 29/04/2023 às 12:38
De 2020 a 2022, o governo de Jair Bolsonaro (PL) investiu tão somente 0,24% de toda a verba reservada pelo MEC para as escolas cívico-militares no país. entre 2020 e 2022 foi efetivamente gasto. Dessa forma, o projeto é considerado hoje pelo governo Lula da Silva (PT) como fora de prioridade.
Esse percentual não representa nem R$ 100 milhões (98,4) que foram reservados por Bolsonaro para o projeto nesses três anos. Pior: desse valor, só foram investidos, efetivamente, R$ 245,8 mil.
“Não há evidências de resultados”, resumiu o ministro de Educação (MEC), Camilo Santana, em audiência pública no dia 12 deste mês. Ele também enviou essas informações à Câmara dos Deputados.
Santana disse o programa de escola cívico-militar foi criado por decreto de Bolsonaro e que há baixa adesão de alunos em todo o país.
À vista disso, o ministro disse que novas escolas desse modelo não serão mais criadas e, dessa forma, o projeto não é prioridade para o MEC.
“Eu não extingui essas escolas. As 202 escolas criadas continuam. A determinação, a decisão do MEC é no sentido de que não haverá mais [criação], no Brasil, de escolas cívico-militares nesta gestão, do governo do presidente Lula, porque não há evidências de resultados”.
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Barreiras e adaptações
Conforme o ministro, as secretarias de educação dos estados acusam a difícil interlocução com o MEC de Bolsonaro como responsável pelo fracasso do projeto. Por exemplo, cita Goiás e Pará que, mesmo estando entre os estados que mais aderiram ao modelo cívico-militar, não conseguiram ver a cor do recurso.
Como resultado, os governos estaduais acabaram migrando para um arranjo com suas polícias militares. É o caso do Amazonas, onde o governador Wilson Lima (União Brasil) já anunciou que vai continuar apostando no projeto com a Polícia Militar.
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Sem Exército, sem PM
Para o deputado federal Idilvan Alencar (PDT-CE), a falta de investimento e a baixa adesão são indicadores do fracasso do projeto de Bolsonaro. Ele é da Comissão de Educação da Câmara e ex-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).
“Nem no auge do bolsonarismo os estados e municípios aderiram [ao modelo], o que já mostra esse descrédito no projeto. Os educadores que compõem as secretarias estaduais e municipais sabem que esse papel não é do Exército, nem da Polícia Militar”.
Alencar, portanto, critica o uso de militares das forças armadas e da Polícia Militar no projeto. Para ele, quem tem a formação para isso é o professor.
“Além disso, retira o Exército da sua função constitucional e os policiais da segurança pública”.
Leia mais na matéria de Elisa Clavery e Marcelo Parreira, da TV Globo e G1.
Foto: Pablo Valadares / Câmara dos Deputados