A queda no preço do gĂ¡s de cozinha vai chegar ao consumidor?

A reduĂ§Ă£o do ICMS sobre o gĂ¡s de cozinha promete preços mais baixos, mas revendedores costumam alegar custos para nĂ£o repassar o benefĂ­cio ao consumidor final.

Publicado em: 01/02/2025 Ă s 10:39 | Atualizado em: 01/02/2025 Ă s 10:39

A partir deste sĂ¡bado (1º/2), o preço do gĂ¡s de cozinha deverĂ¡, em tese, ficar mais barato para os brasileiros. A reduĂ§Ă£o do Imposto sobre a CirculaĂ§Ă£o de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o gĂ¡s liquefeito de petrĂ³leo (GLP) entra em vigor, com uma diminuiĂ§Ă£o de R$ 0,02 por quilo. No papel, isso parece uma boa notĂ­cia, mas a pergunta que fica Ă©: serĂ¡ que essa queda realmente chegarĂ¡ ao consumidor final?

A experiĂªncia nos mostra que nem sempre as reduções de custos repassadas pelo governo ou pelas refinarias se traduzem em preços mais baixos nos pontos de vendas.

Os revendedores, que sĂ£o os intermediĂ¡rios entre as distribuidoras e o consumidor, irĂ£o repassar integralmente essa reduĂ§Ă£o? Bom vamos aguardar. Mas, convenhamos, eles tĂªm um arsenal de justificativas para manter os preços altos.

Quantas vezes jĂ¡ ouvimos que “o estoque foi comprado no valor antigo” e, por isso, nĂ£o hĂ¡ como baixar o preço? Esse estoque, aliĂ¡s, parece ter uma duraĂ§Ă£o eterna, nunca acaba.

Ou entĂ£o surgem alegações de custos operacionais, despesas trabalhistas, transporte e uma sĂ©rie de outros fatores que, segundo eles, impedem a reduĂ§Ă£o do preço final. É sempre uma novela.

E o que dizer dos Ă³rgĂ£os de defesa do consumidor? Na teoria, eles existem para garantir que o cidadĂ£o nĂ£o seja prejudicado.

Na prĂ¡tica, porĂ©m, sua atuaĂ§Ă£o costuma ser ineficaz, especialmente quando se trata de questões complexas como a formaĂ§Ă£o de preços de combustĂ­veis e gĂ¡s.

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O consumidor fica refém de uma cadeia que parece funcionar apenas para justificar altos lucros.

Vale lembrar que, enquanto o gĂ¡s de cozinha terĂ¡ uma reduĂ§Ă£o no ICMS, outros combustĂ­veis, como gasolina, etanol e diesel, terĂ£o aumento no tributo e, nesses casos, o aumento vem com todo a certeza para o bolso do consumidor.

Ou seja, o alĂ­vio em um lado pode significar um aperto em outro.

E, no caso especĂ­fico da Bahia, os consumidores nem sequer terĂ£o o benefĂ­cio da reduĂ§Ă£o, jĂ¡ que a refinaria de Mataripe anunciou um aumento de 9,2% no preço do gĂ¡s, o que pode elevar o valor do botijĂ£o em atĂ© R$ 8. Essa refinaria Ă© particular, como a de Manaus, entĂ£o….preparem-se manauras! LĂ¡ vem aumento.

A PetrobrĂ¡s tambĂ©m anunciou uma reduĂ§Ă£o de 1% no preço do gĂ¡s natural para as distribuidoras, o que pode beneficiar grandes consumidores, como indĂºstrias.

No entanto, essa queda, embora bem-vinda, Ă© modesta e nĂ£o deve impactar significativamente o bolso do consumidor comum.

Enquanto isso, o consumidor final fica na expectativa de ver o preço do botijĂ£o de gĂ¡s diminuir de fato. Mas, diante de tantas justificativas e da falta de fiscalizaĂ§Ă£o eficiente, Ă© difĂ­cil acreditar que essa reduĂ§Ă£o chegarĂ¡ de forma plena Ă s nossas casas.

A pergunta que nĂ£o quer calar Ă©: quando Ă© que o brasileiro vai sentir, de verdade, o impacto positivo dessas medidas no seu dia a dia? Por enquanto, parece que o alĂ­vio no bolso ainda estĂ¡ longe de virar realidade.

*Com informações da AgĂªncia Brasil

Foto: Marcello Casal jr/AgĂªncia Brasil