Foi grande a reação à explanação que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez na segunda-feira (18) a embaixadores de vários países, no Palácio da Alvorada, com mentiras e ataques à credibilidade do processo eleitoral brasileiro.
Instituições e entidades dos mais diversos setores da sociedade se manifestaram com críticas à iniciativa do presidente, mas desde então um importante personagem da República se mantém em silêncio: o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se manifestou dizendo, entre outras coisas, que “a segurança das urnas eletrônicas e a lisura do processo eleitoral não podem mais ser colocadas em dúvida”.
Até o início do dia desta sexta-feira (22), Lira não tinha-se manifestado. A omissão do presidente da Câmara tem motivado críticas de dirigentes de partidos com espectros ideológicos tão distintos quanto PT e União Brasil.
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A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, disse à coluna que Arthur Lira é o operador de Bolsonaro na Câmara, e não seu presidente. “Essa é a realidade. Muito triste o Poder Legislativo ser apequenado dessa forma, vivendo do orçamento secreto e submetido às loucuras e autoritarismo de Bolsonaro”, criticou.
Por parte do União Brasil, a crítica vem do deputado Junior Bozzella, vice-presidente da legenda, para quem a fala de Bolsonaro diante dos embaixadores foi uma clara ameaça às instituições democráticas.
“Não dá para o Lira, enquanto presidente da Câmara Federal, se esquivar e se comportar como se o Bolsonaro fosse um cidadão comum falando a sua opinião pessoal sobre a urna eletrônica em um churrasco entre amigos, porque a situação é muito diferente disso”, reclama Bozzella.
Para ele, foi feita uma acusação gravíssima, totalmente infundada e que compromete não só a imagem do Brasil perante o mundo, como também a estabilidade política e econômica do país.
“A omissão do Arthur Lira é um cheque em branco para Bolsonaro achar que pode fazer o que quiser, inclusive não aceitar o resultado das eleições, atropelar a Constituição e se recusar a sair do poder em uma eventual derrota”, alerta o dirigente do União Brasil.
Também o presidente do PDT, Carlos Lupi, lamenta a falta de posicionamento de personagem que ocupa posto tão importante.
“O silêncio é, na realidade, de quem trabalha diariamente contra as instituições democráticas, como Bolsonaro. É a concordância com esta heresia”, comenta.
Para Juliano Medeiros, presidente do PSOL, o silêncio de Lira é compatível com sua postura em relação aos crimes do ocupante do Palácio do Planalto. “Ele é pago, via orçamento secreto, para ser uma barreira de contenção entre o presidente e o impeachment”, aponta Medeiros.
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil