Candidato ao Senado Federal pelo estado do Rio Grande do Sul, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos), tem deixado “para depois” o Conselho Nacional da Amazônia Legal (Cnal), do qual é presidente. Em 2022, os membros do conselho se reuniram uma vez, enquanto Mourão foi à Amazônia duas vezes.
Em contrapartida, como contabilizado pelo Metrópoles , apenas no primeiro semestre de 2022, Mourão já visitou ao menos 20 municípios do Rio Grande do Sul, alguns deles, em mais de uma ocasião. Em 2020 e 2021, o general foi a 15 municípios gaúchos no total.
As cidades que mais receberam o pré-candidato foram Porto Alegre, Canoas e Santa Maria. Juntando as passagens pelos três municípios, foram 21 ocorrências.
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Assim que reativou o órgão, Bolsonaro nomeou Mourão para coordená-lo. O Cnal também seria integrado por 14 ministros de estado e pelos governadores da Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins).
Foi por intermédio do Cnal que ocorreram as operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para reduzir os crimes ambientais na região. O cuidado e a atenção ao Cnal, no entanto, começaram a desandar já em 2020, quando os gestores do Ministério do Meio Ambiente, pasta mais importante do conselho, deixaram de comparecer aos encontros .
De 2020 a 2022, o conselho se reuniu em 13 ocasiões. Os ministros do Meio Ambiente marcaram presença em poucos eventos. Em 2020 e 2021, o ex-ministro Ricardo Salles foi a cinco encontros do colegiado. O atual titular da pasta, Joaquim Leite, mesmo estando na direção do ministério desde junho de 2021, participou apenas do primeiro e único evento de 2022 .
Na última semana, ao ser questionado por jornalistas sobre uma segunda reunião no ano, Mourão disse: “Nós vamos fazer reunião agora em agosto aí. Algum momento de agosto ou setembro”.
Em relação às idas à Amazônia no primeiro semestre de 2022, o general esteve em Manaus no primeiro e último dias de junho, 1/6 e 30/6, respectivamente. Em ambas as ocasiões foram passagens rápidas, para uma solenidade militar comemorativa à Semana do Guerreiro da Selva e para a abertura da ExpoAmazônia.
Desmatamento
Segundo dados do sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), do começo de julho, o mês de junho bateu mais um recorde de desmatamento. Foi a maior alta nos índices, pelo terceiro ano consecutivo. Ao todo, 1.120 km² devastados no bioma, segundo a análise. Se trata da maior marca desde 2016, início da série histórica.
Com a atualização das estimativas de junho, no acumulado do ano, essa área chega a 3.988 km2 , número 10,6% maior que o mesmo período de 2021 que já havia sido recorde da série.
De acordo com o Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, do MapBiomas, também divulgado em julho, em 2021, o Brasil perdeu 16,5 mil quilômetros quadrados de cobertura de vegetação nativa . Pelo menos seis biomas brasileiros tiveram crescimento no índice de desmatamento.
A área mais impactada foi a Amazônia, que concentrou 59% das perdas de 2021. Somente nesse bioma, foram desmatados 111,6 hectares por hora, ou 1,9 hectare por minuto — o equivalente a 18 árvores por segundo.
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil