A jornalista Cláudia Cruz se livrou de cumprir pena de prisão por não haver provas suficientes dos supostos crimes dela na operação Lava Jato. O entendimento é do juiz Sérgio Moro para a mulher do ex-presidente da Câmara de Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ela foi absolvida dos crimes de lavagem de dinheiro e de evasão fraudulenta de divisas. A sentença do juiz foi publicada nesta quinta-feira (25).
Apesar da absolvição de Cláudia Cruz, Moro determinou o confisco de 176.650 francos suíços, depositados em uma conta na Suíça. O valor corresponde a cerca de R$ 560 mil.
De acordo com as investigações da força-tarefa da Lava Jato, Cláudia Cruz foi favorecida, por meio de contas na Suíça, de parte de valores de uma propina de cerca de US$ 1,5 milhão recebida pelo marido. Ainda conforme a acusação, o dinheiro teve origem em um contrato da Petrobras para exploração de petróleo em Benin, na África.
O juiz justificou o confisco devido ao fato de que a conta era comandada por Eduardo Cunha, que já foi condenado pelo crime de lavagem de dinheiro.
A ação tem outros três réus: Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira, empresário português, foi absolvido dos crimes de crimes de lavagem de dinheiro e de evasão fraudulenta de divisas; Jorge Zelada, ex-diretor da Petrobras, foi condenado por corrupção passiva; e João Augusto Rezende Henriques, lobista, que foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Ao apresentar as alegações finais, última etapa antes da sentença do juiz, o Ministério Público Federal argumentou que, diante da gravidade dos crimes, a pena deveria ser cumprida, inicialmente, em regime fechado.
Investigações
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Cláudia tinha plena consciência dos crimes que praticava e é a única controladora da conta em nome da offshore Köpek, na Suíça, por meio da qual pagou despesas de cartão de crédito no exterior em um montante superior a US$ 1 milhão num prazo de sete anos, entre 2008 e 2014.
As investigações apontam que o valor é totalmente incompatível com os salários e o patrimônio lícito do marido dela.
Os recursos na conta de Cláudia Cruz foram utilizados, por exemplo, para pagar compras de luxo feitas com cartões de crédito no exterior de artigos de grife como bolsas, sapatos e roupas, ainda conforme o MPF.
“Quase a totalidade do dinheiro depositado na Köpek (99,7%) teve origem nas contas Triumph SP (US$ 1.050.000,00), Netherton (US$ 165 mil) e Orion SP (US$ 60 mil), todas pertencentes a Eduardo Cunha”, afirmou o MPF.
As contas de Cunha escondidas no exterior, ainda de acordo com o MPF, eram utilizadas para receber e movimentar propinas, que eram produtos de crimes contra a administração pública praticados por ele.
Fonte: G1
Foto: Reprodução/Portal R7