Pesquisadores alertam sobre impacto das decisões da Meta no Brasil

A avaliaĂ§Ă£o Ă© de que o relaxamento do controle sobre discursos de Ă³dio pode afetar negativamente grupos vulnerĂ¡veis

Publicado em: 22/01/2025 Ă s 23:08 | Atualizado em: 22/01/2025 Ă s 23:34

Em audiĂªncia pĂºblica realizada pela Advocacia-Geral da UniĂ£o (AGU) nesta quarta-feira (22), pesquisadores e representantes da sociedade civil expressaram preocupações sobre as novas polĂ­ticas da Meta, empresa controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp.

Segundo os especialistas, as mudanças nas estratĂ©gias de moderaĂ§Ă£o de conteĂºdo, incluindo o relaxamento dos controles sobre discursos de Ă³dio, podem afetar negativamente grupos vulnerĂ¡veis e ameaçar a liberdade de expressĂ£o no Brasil.

A professora Rose Marie Santini, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destacou que a empresa estĂ¡ alterando significativamente seus algoritmos de curadoria de conteĂºdo, o que, segundo ela, tem gerado “graves inconsistĂªncias” e falta de transparĂªncia.

“Esses algoritmos operam sem qualquer clareza sobre os critĂ©rios usados para decidir quais vozes serĂ£o amplificadas ou silenciadas”, afirmou.

Santini criticou a opacidade da Meta, argumentando que a falta de transparĂªncia mina a confiança pĂºblica nas intenções da empresa em relaĂ§Ă£o Ă  liberdade de expressĂ£o.

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Para ela, a moderaĂ§Ă£o de conteĂºdo nas plataformas digitais, sem a devida transparĂªncia, acaba se tornando uma forma de censura, onde as empresas selecionam quais discursos serĂ£o permitidos, sem a supervisĂ£o do Estado.

“As plataformas tĂªm mais informações sobre seus usuĂ¡rios do que qualquer governo tem sobre seus cidadĂ£os”, alertou.

AlĂ©m disso, o diretor de polĂ­ticas do Instituto Alana, Pedro Hartung, enfatizou a responsabilidade das plataformas digitais na proteĂ§Ă£o de crianças e adolescentes, considerando a legislaĂ§Ă£o existente sobre o tema.

Hartung citou o uso crescente da internet por jovens no Brasil, com destaque para o WhatsApp, e afirmou que as plataformas devem ser responsabilizadas pela proteĂ§Ă£o dos menores contra conteĂºdos prejudiciais.

Ele também abordou o impacto das publicidades direcionadas a crianças e o aumento do trabalho infantil artístico nas redes sociais.

A audiĂªncia tambĂ©m trouxe Ă  tona a questĂ£o da violĂªncia contra a comunidade LGBTQIA+, com Victor De Wolf, presidente da AssociaĂ§Ă£o Brasileira de LĂ©sbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos, alertando para o risco das novas polĂ­ticas da Meta permitirem conteĂºdos preconceituosos.

De Wolf citou a permissĂ£o da Meta para associar doenças mentais a questões de gĂªnero ou orientaĂ§Ă£o sexual, o que, segundo ele, agrava a situaĂ§Ă£o da comunidade LGBTQIA+ no Brasil, que Ă© o paĂ­s com o maior nĂºmero de assassinatos de travestis e transexuais no mundo.

Ele afirmou que a justiça precisa responsabilizar as redes sociais por violações aos direitos dos cidadĂ£os.

Com informações da AgĂªncia Brasil



Foto: reproduĂ§Ă£o/TV CĂ¢mara