Relator da Lava Jato no TRF-4 defende julgamentos sobre Lula

Ao lembrar que a operação completa neste mês sete anos, disse que “todos os feitos foram julgados com dedicação"

Diamantino Junior

Publicado em: 10/03/2021 às 18:22 | Atualizado em: 10/03/2021 às 21:53

O desembargador João Pedro Gebran Neto, relator da Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, abriu a sessão desta quarta-feira (10) com uma defesa da operação.

Ao lembrar que a operação completa neste mês sete anos, disse que “todos os feitos foram julgados com dedicação, cuidadoso estudo dos autos, acurado exame da provas licitamente obtidas, apreciação dos fatos imputados e dos direitos reivindicados pelas partes”.

A declaração ocorre na semana em que a operação sofreu seu mais duro golpe — anulação das condenações de Lula e retomada do julgamento da suspeição de Sergio Moro.

Gebran Neto destacou que as partes receberam tratamento igual no tribunal.

Leia mais

“Melhor momento que fui candidato é quando fui preso”, diz Lula

“Ouvimos em gabinete, e em reuniões virtuais, todos os advogados, nas milhares vezes que nos procuraram, bem como atendemos os Procuradores da República quando igualmente vieram aos gabinetes despachar. E sempre houve mútuo, elevado e republicano respeito, cortesia e decoro”, afirmou.

“Temos a convicção que empregamos o máximo das nossas capacidades, que aplicamos o melhor direito e atuamos com o mais espírito de justiça. As muitas decisões examinadas e mantidas pelo STJ reforçam essa convicção”, disse, noutro trecho do discurso.

Em relação à reforma das decisões proferidas no TRF-4 (que incluem, por exemplo, as condenações de Lula), disse que “nenhuma tem o apanágio de sombrear a qualidade e a retidão daquilo que foi desenvolvido nesta Corte. Muito menos trazer conotações ou ofensas pessoais, mas tão somente a indicar a interpretação diversa sobre o direito pleiteado.”

Leia trechos da defesa do magistrado

“Senhor Presidente, Desembargador Leandro Paulsen

Para relembrar sua dimensão (Lava Jato), estão sendo recuperados aos cofres públicos R$ 12,7 bilhões de reais, embora estime-se que os prejuízos da Petrobras estejam estimados em valores superiores a R$ 30 bilhões.

Julgamos mais de 1300 recursos relacionados à operação Lava Jato. Alguns deles com evidência na mídia, inclusive perante os Tribunais Superiores. Evidentemente já me manifestei judicialmente sobre essas questões, e me abstenho de comentar as demais decisões judiciais. Nós temos o dever e a responsabilidade de cumpri-las.

Todos os feitos foram julgados com dedicação, cuidadoso estudo dos autos, acurado exame da provas licitamente obtidas, apreciação dos fatos imputados e dos direitos reivindicados pelas partes. Foram muitas horas de trabalho sério, sacrifício e renúncias pessoal e familiares, em diligente esforço desenvolvido pelos desembargadores e suas respectivas assessorias.

Temos a convicção que empregamos o máximo das nossas capacidades, que aplicamos o melhor direito e atuamos com o mais espírito de justiça. As muitas decisões examinadas e mantidas pelo STJ reforçam essa convicção.

Tenho convicção que no nosso proceder, atendemos aos seis valores do Código de Bangalore: a) independência; b) imparcialidade; c) integridade; d) idoneidade; e) igualdade; f) competência e diligência. E podemos nos orgulhar disso.”

Leia mais no O Antagonista

Foto: Sylvio Sirangelo/TRF4/Reprodução