Indígenas perdem 301 médicos e Cuba, R$ 1,1 bilhão de repasse

Médicos cubanos na tribo Munduruku

Israel Conte

Publicado em: 19/11/2018 às 15:42 | Atualizado em: 19/11/2018 às 15:43

Dados do Ministério da Saúde indicam que o atendimento aos indígenas vai reduzir 81% com a saída dos médicos cubanos e o Amazonas é o principal estado brasileiro prejudicado.

Dos 372 médicos alocados em Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) espalhados por 19 estados, 301 médicos cubanos. O Amazonas é o que reúne o maior número (78), seguido por Mato Grosso (35), Pará e Roraima, ambos com 26 cada um.

De acordo com especialista ouvida pela Folha de S. Paulo, o êxodo repentino colapsará o atendimento ao segmento da população com alguns dos piores índices de saúde do país.

 

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A médica sanitarista e antropóloga Luiza Garnelo, pesquisadora da Fiocruz no Amazonas, cita entre as estatísticas mais graves, níveis elevados de anemia materna e taxas de mortalidade infantil até 20 vezes maior do que a de crianças não indígenas.

Dados obtidos pela BBC via Lei de Acesso à Informação mostram que 419 crianças indígenas de até 9 anos morreram de desnutrição entre 2008 e o início de 2014.

 

Cuba sem R$1,1 bi anual

Com o fim do acordo selado na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2013, o regime cubano deve perder 332 milhões de dólares (ou mais de R$ 1,1 bilhão) por ano.

O valor supera as exportações de charutos (259 milhões de dólares por ano, segundo o Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e cria mais um desafio econômico para o país, que há 56 anos sofre um duro embargo comercial dos Estados Unidos.

 

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A estimativa do prejuízo é do economista cubano Mauricio De Miranda Parrondo, professor titular da Pontifícia Universidade Javeriana de Cali, na Colômbia.

“As alternativas (à perda econômica do Mais Médicos) são muito escassas”, diz Parrondo em entrevista à BBC News Brasil. “As opções mais visíveis aparecem no turismo cubano, mas não se espera que o vácuo deixado pela renda vinda do Brasil possa ser coberto com isso.”

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Foto: Divulgação