Neuton Corrêa , da Redação
A substituição dos médicos cubanos por brasileiros e de outras nacionalidades não será o único problema a ser enfrentado pelo futuro governo do presidente da República eleito Jair Bolsonaro (PSL) para tentar conter os efeitos da disenteria que provoca a cada comentário que faz sobre política externa do país.
Para muito além do debate ideológico, há questões objetivas que precisam ser levadas em conta.
Os profissionais de Cuba, a despeito de atuarem nas periferias, no interior do Brasil, nas áreas indígenas, nas comunidades quilombolas, distantes dos sofisticados hospitais de equipamentos ultramodernos, são tão especialistas quanto os médicos que trabalham na alta complexidade.
A especialidade deles é a prevenção de doenças do cidadão e do estado.
Nesse caso, é uma forma de combater o mal das filas dos hospitais, que humilham pacientes e governos, e de proporcionar redução de gastos com medicamentos caros, porque a doença é combatida na origem.
Quanto ao Amazonas , a saída dos médicos cubanos poderá aumentar ainda mais o drama do setor de saúde, que mais uma vez fecha o ano em crise.
Certamente, haverá consequência em efeitos cascata. Sem tratamento no interior, o caminho será recorrer às cidades, e a que possui mais condições de dar um alento de qualidade é a capital. Esta, por seu turno, sofrerá com o inchaço das famílias que trocam suas terras pelo grande centro em busca de socorro.
A experiência da medicina cubana no Amazonas não é recente. Em seus quase 20 anos instalada no estado, tornou-se referência nacional, a ponto de o governo adotá-la no programa Mais Médicos.
Cuba chegou a Manaus , nesse setor, pelas mãos do então prefeito Alfredo Nascimento, que foi a Fidel Castro no fim de seu primeiro mandato conhecer a razão de um país tão pobre ter uma saúde tão respeitada mundialmente.
A resposta disso foi instalada na capital amazonense, mas hoje está na iminência de ser perdida porque a lógica que move o profissional brasileiro não é a mesma que tolera a insalubridade dos ambientes hostis a que se submetem os cubanos.
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Foto: Reprodução/site Tribuna Hoje