Da Redação
A cúpula da Igreja Católica e das celebrações eucarísticas seguirá cada vez mais um ambiente dominado pelos homens e ainda mais fechado para a presença feminina.
A fresta que poderia ser aberta para as mulheres com o Sínodo da Amazônia, realizado em Roma, não foi rompida e se manterá um sonho distante, após mais de dois milênios do nascimento da religião de Cristo.
Em sentido contrário, porém, os homens viram suas aberturas escancaradas ainda mais.
Isso porque, ontem, assembleia que discute a igreja na região amazônica para tomadas de decisões que podem ser referenciais para o mundo todo recomendou a ordenação de homens casados que vivem na região, dizendo em seu parágrafo 111:
“Considerando que a legítima diversidade não prejudica a comunhão e a diversidade da igreja, (…) propomos (…) ordenar sacerdotes homens idôneos e reconhecidos pela comunidade, que tenham um diaconato permanente fecundo e recebam uma formação adequada para o presbiterato, podendo ter família legitimamente constituída e estável”.
O diaconato feminino, proposta que esperava as bênçãos da assembleia, sequer entrou no relatório final que ainda passará pelas mãos do papa Francisco em seu processo de homologação.
O sim do Sínodo da Amazônia ao ministério para homens casados, chamado de viri probati , foi a polêmica dessa convocação papal, inclusive bem antes do começo da assembleia.
Colocado em votação, foi aprovado por 128 padres sinodais, o mais baixo número de votos dos 120 parágrafos, aprovados individualmente. Foram 41 votos de oposição.
A recomendação não prevê que padres agora possam se casar.
Diz, no entanto, que homens com família possam assumir as funções de sacerdócio.
A expectativa é de que a medida aumente a presença da igreja em áreas remotas, onde os padres atualmente só conseguem visitar poucas vezes por ano. Seria também uma forma de confrontar a crescente presença de igrejas pentecostais na região.
Com relação às mulheres, o relatório afirma que o sínodo compartilhará “as experiências e as reflexões” com a Comissão de Estudo sobre o Diaconato das Mulheres, iniciativa criada pelo papa Francisco em 2016. Esse trecho teve a aprovação de 137 padres sinodais.
O documento também pede que “seja criado o ministério instituído da ‘mulher dirigente da comunidade’ e reconhecer isso, dentro do serviço das mutáveis exigências da evangelização e da atenção às comunidades”.
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