Por Rosiene Carvalho , da Redação
O presidente da Câmara dos Deputados e pré-candidato à Presidência da República do DEM, Rodrigo Maia, foi ofuscado em sua agenda de pré-campanha em Manaus.
Foi em decorrência da pauta da disputa eleitoral local ao ser prestigiado por lideranças empresariais e políticas que foram para confrontos nos eventos dos quais ele participou nesta sexta-feira, dia 11.
Além disso, Rodrigo Maia, há dois meses do registro de candidatura, evitou falar de polêmicas da política nacional e foi coerente com o discurso do presidente estadual do DEM, Pauderney Avelino, sobre o modelo econômico da região: a Zona Franca de Manaus.
Maia também defendeu a conclusão da BR-319 como um importante instrumento de integração da região e escoamento da produção do Polo Industrial de Manaus.
O presidenciável disse ainda que a regulamentação de hidrovias é uma necessidade para desenvolver a região.
Pela manhã, no auditório Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), repetiu críticas à política econômica do governo federal indicando que o crescimento econômico ficará abaixo da expectativa traçada para 2018.
O presidenciável tem assumido a postura de não ser defensor do Governo Temer e repetiu o discurso em Manaus.
O pré-candidato do Democratas disse não ser a favor de incentivos fiscais que são concedidos sem fiscalização da sua eficiência e efeito sobre a economia e melhoria de vida para a população.
Mas ressaltou várias vezes que sempre foi um favorável e defensor da Zona Franca de Manaus por ser uma experiência acertada e de preservação da floresta.
Ofuscado
No entanto, os discursos de Maia em Manaus foram precedidos por lideranças políticas e empresariais que abriram pauta para assuntos espinhosos.
Na chegada do local em que recebeu a chave da cidade, à noite, Maia ficou isolado enquanto aguardava que a mídia entrevistasse o senador e pré-candidato ao governo Omar Aziz e o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB).
O principal tema era como ficariam os palanques estaduais, ainda indefinidos.
Na Fieam, a atuação da bancada do Amazonas na defesa da Zona Franca tomou a frente e roubou a cena do discurso de Rodrigo Maia.
O economista e presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, um dos primeiros a falar, deu novo puxão de orelha na classe política. Périco afirmou que interesses políticos e eleitorais não podem se sobrepor aos interesses da defesa do modelo econômico do Estado.
Périco destacou que o Cieam e a Fieam fizeram um levantamento que chamam de “agenda legislativa” para municiar os parlamentares do Amazonas sobre detalhes econômicos importantes à Zona Franca de Manaus.
“Essa agenda legislativa foi preparada com muito estudo, muito afinco. Nós elencamos 70 proposituras que tramitam no Congresso Nacional. Dessas 70, 52 divergem daquilo que é direito e interesse da Zona Franca de Manaus. Ou seja, é uma agenda extremamente nociva ao modelo Zona Franca. Dessas 18 favoráveis, temos uma que já foi aprovada, que é a questão do P&D”, disse ao relatar a proposta que pode tirar a produção de bicicletas de Manaus e levar a geração de emprego para fora do País.
Wilson Périco também disse para Rodrigo Maia que a Medida Provisório 656, que está na Câmara dos Deputados e que propõe a renovação dos incentivos para a Sudam e Sudene, precisa ser aprovadas com urgência para trazer segurança jurídica nos investimentos na região.
O presidente do Cieam apelou aos parlamentares que incluam a “agenda parlamentar” do Cieam e da Fieam em suas prioridades. “É a primeira vez que fazemos isso para municiar nossa bancada. Para que tenham isso no seu radar prioridade na atuação do seu mandato parlamentar. Vamos fazer isso todos os anos”,disse.
Périco encerrou o discurso desejando sucesso nos “desafios que se avizinham” aos políticos.
“Não só com relação às eleições. Mas precisamos, e é essa bandeira que trazemos com a agenda parlamentar, ter a sociedade organizada através de suas entidades de classe mais próximas, Omar, da nossa representação parlamentar. Para que nós possamos ser um só pelo Amazonas, acima dos interesses político, partidário e particular. Assim todos ganhamos e não um ou outro por conta de ser ou não eleito”, disse.
“Os guardiões da Zona Franca”
Em seu discurso, Omar Aziz disse que considera injustas críticas que lê por meio da mídia de que a bancada do Amazonas não atua de forma eficiente na defesa dos interesses da Zona Franca. O senador disse que a bancada trabalha bem e que “não é de hoje”.
Omar comparou a quantidade de parlamentares que compõem a bancada do Amazonas a dos demais estados. E chamou os deputados e senadores do Amazonas de “guardiões” da Zona Franca.
Wilson Périco, que já fez críticas mais duras sobre a bancada em outras ocasiões registradas pela mídia local, deixou o auditório da Fieam antes do evento encerrar.
Lei de convalidação e Amazonino
Omar também demonstrou irritação ao falar sobre a lei de convalidação. Disse que a Lei Complementar Nº. 160 foi boa para o Amazonas porque acabou com os sobressaltos, deixou a regra clara e que quem a critica não entende nada do modelo ou quer posar de “salvador da pátria” e fazer firula.
A nova legislação, decretada no ano passado pelo presidente Michel Temer, perdoa as incentivos fiscais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) irregulares concedidos nos últimos anos e libera os Estados a continuarem a manter estes benefícios por mais 15 anos, sem precisarem da aprovação no Confaz.
Pela lei, apenas o Amazonas poderia conceder o benefício. Mas, na prática, todos faziam.
O governador do Estado do Amazonas, Amazonino Mendes, entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade para contestar a lei no Supremo Tribunal Federal (STF) este ano. A medida, na ocasião, foi criticada pelo deputado Pauderney Avelino. O deputado federal disse que o governador se vangloriava de uma ação inócua e questionou os gastos com escritório jurídico.
O assunto tinha virado peça publicitária ainda na campanha, quando Amazonino contava com o apoio de Omar e de Pauderney Avelino.
Foto: BNC AMAZONAS
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