Por Neuton Corrêa , da Redação
Quem o via a distância, podia imaginar que por traz daquela expressão de poucos amigos poderia estar um tronco de itaubeira de casca grossa e essência dura.
Assim, o ex-vereador e médico Paulo Nasser, falecido no fim da manhã desta sexta-feira, dia 23, se mostrava quando esteve publicamente exposto em seu assento de vereador ou na cadeira de presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM).
Bastava, no entanto, uma aproximação dele para notar o quanto enganosa era a impressão. A seu rodar, a finura da casca aparecia no trato de quem próximo estava para mostrar essência macia que seu âmago possuía.
Conheci o vereador Paulo Nasser nas coberturas jornalísticas da CMM e logo em seguida descobri o tipo de humanidade que praticava distante do parlamento.
Distante da casa legislativa, Nasser percorria o interior a cuidar de quem não tinha condições de sair de seu lugar para, sequer, buscar um socorro.
Também assim como você está imaginando, nessa nossa interlocução, por ser político, achava que gostaria de dar visibilidade ao que fazia, mas, num dia que tentei escrever sobre seu trabalho humanitário, o doutor Paulo disse que gostava de fazer aquilo no anonimato e silenciosamente.
Depois disso, quando resolveu não mais disputar mais vaga de vereador, encontrei o doutor Paulo no Prontocord, hospital que ajudou a fundar com sua esposa, a médica cardiologista Cármem Nasser, e lá vejo ainda mais o quanto sua expressão fechada escondia seu coração escancarado.
Lá, na antessala de seu ambulatório, ficavam dezenas de pessoas humildes à espera de um atendimento com ele.
Do meu primeiro encontro com ele, nos idos de 2005 para cá, o doutor Nasser sempre me tratou com profunda deferência, coisa que impressionava porque nunca tive antes havia tido sequer um contato com ele.
Nos últimos anos, o Facebook e o WhatsApp me aproximaram ainda mais dele por meio de mensagens. A última vez que nos falamos por esses recursos foi no dia 5 de março, quando me confirmou a morte do ex-senador Leopoldo Péres .
Por tudo que fez pelo povo daqui. E tenho certeza que foi muito, despeço-se desse grande amigo que nas horas de maiores dores abriu seu coração para aliviar sofrimentos de quem nem conhecia.
Saiba mais sobre ele
Nasser era natural de Rondônia, mas há anos morava no Amazonas, onde se formou médico, e ocupou cargos políticos, como o de vereador, cargo que exerceu de 2001 a 2012. Paulo Nasser também foi diretor do Pronto Socorro Municipal de Manaus, em 1986, e coordenou a equipe de medicina do Instituto de Previdência e Assistência Social do Estado do Amazonas (Ipasea), em 1987.
A família não divulgou a causa nem as circunstâncias da morte.
Foto: Facebook/Paulo Nasser