Bolsonaro é derrotado na votação da PEC do voto impresso na Câmara
Com a rejeição de relatório na comissão especial, um novo relator já foi nomeado e deve apresentar seu parecer sobre a PEC neste dia 6

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 05/08/2021 às 20:36 | Atualizado em: 05/08/2021 às 21:18
A proposta de emenda à Constituição (PEC) 135/9, que promovia o retorno do voto impresso nas eleições brasileiras, foi rejeitada por parlamentares da comissão especial da Câmara dos Deputados nesta noite de quinta-feira (5).
O substitutivo do deputado Felipe Barros (PSL-PR) teve 11 votos a favor e 23 contra. Trata-se de uma derrota política para o presidente Jair Bolsonaro, que vem defendendo, insistentemente, a bandeira do “voto impresso e auditável”.
Dessa maneira, o relator é trocado. Outro é nomeado entre os vencedores para elaboração de novo parecer. O escolhido foi o deputado Júnior Mano (PL-CE), que deve apresentar um relatório já nesta sexta (6).
Único deputado amazonense na comissão, Bosco Saraiva (Solidariedade) votou contra a proposta.
“Acho que devemos avançar na segurança dentro do campo eletrônico. O retorno do voto impresso representa um atraso e também o retorno da possibilidade do voto de cabresto”, disse o parlamentar ao BNC Amazonas.
Conforme Saraiva, o Solidariedade encaminhou contra uma proposta que traria de volta apuração dos votos “exclusivamente manual”.
“Isso é inadmissível para a atualidade. Além do que, precisamos evoluir sempre na segurança da votação, mas no campo da tecnologia eletrônica”.
A urna eletrônica usada no Brasil nunca sofreu violação nos pleitos, segundo o deputado.
“O resultado da votação de 23 contra e somente 11 a favor demonstra claramente o que pensa o povo brasileiro”, afirmou o deputado.
Atentado à segurança
Além do voto impresso, a principal novidade no texto seria a possibilidade de contagem manual e públicas de todas as cédulas físicas depositadas nas seções.
O líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), disse que o objetivo da PEC, portanto, era impedir que as eleições ocorressem de forma segura.
“Eles estão propondo o caos na recontagem como queria [Donald] Trump [ex-presidente] nos Estados Unidos. Não é Bolsonaro e nem o ministro da Defesa (Braga Netto) que vão dizer como serão as eleições”.
O líder do PSL, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), disse que o presidente Bolsonaro e Felipe Barros provaram que a democracia estava em risco e pediu o voto a favor da PEC.
Dessa forma, fez referência ao inquérito da Polícia Federal nas eleições de 2018. Mas, a Justiça Eleitoral já demostrou que não se chegou a nenhuma fraude.
Ele, então, acusou o deputado Ivan Valente (Psol) de promover fake news ao dizer que a maioria da população brasileira confia nas eleições com urnas eletrônicas.
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Os governistas, contudo, podem contar com um recurso para levar a matéria ao plenário.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já havia aventado essa possibilidade.
Todavia, somente poderia fazer isso se a comissão ultrapassasse 40 sessões e não conseguisse aprovar relatório.
Foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados