Governo Bolsonaro mantém sigilo de 100 anos em processo de Pazuello

General e ex-ministro da Saúde não foi punido por subir no palanque ao lado de Bolsonaro, conduta vedada pelo Exército

Exército impõe sigilo de até 100 anos ao processo disciplinar de Pazuello

Mariane Veiga

Publicado em: 21/01/2022 às 17:03 | Atualizado em: 21/01/2022 às 17:18

Uma comissão formada por servidores do alto escalão de sete ministérios do governo Jair Bolsonaro (PL) decidiu manter o sigilo de 100 anos imposto ao processo do Exército que não puniu o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello por participar de um ato político ao lado do presidente.

A conduta é vedada pelo código militar, mas, pelo sigilo imposto aos documentos, não é possível saber o que motivou a decisão de não punir o general da ativa.

A análise de quebra do sigilo e acesso aos documentos do processo foi motivada por um pedido do jornal Folha de S. Paulo, que noticiou nesta quinta-feira 20 a negativa.

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De acordo com o jornal, a argumentação principal para a recusa em abrir os detalhes da investigação que não puniu o ex-ministro é a de proteção dos ‘princípios de hierarquia e de disciplina do Exército’.

“O fato de não haver punição não pode ser compreendido como ausência de risco aos pilares da hierarquia e disciplina, expressos no art. 142 da Constituição Federal”, diz um trecho da resposta encaminhada pela Comissão Mista de Reavaliação de Informações ao jornal.

A comissão é formada por servidores da Casa Civil, Advocacia-Geral da União, Economia, Defesa, Relações Exteriores, Justiça e Controladoria-Geral da União.

 De acordo com a folha, a CMRI é a última instância na esfera do governo federal para análises de pedidos de Lei de Acesso à Informação, logo, não cabe recurso da decisão contra o pedido dentro da estrutura governamental.

As informações são da Carta Capital.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil