Ministra manda apurar ameaças de empresa a indígenas muras no Amazonas

Mineradora é acusada de invadir e criar conflito com moradores tradicionais de terra indígena onde pretende extrair potássio.

Muras

Da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 15/05/2023 às 12:55 | Atualizado em: 15/05/2023 às 14:53

Coordenador-geral de direitos sociais no Ministério dos Povos Indígenas, o sateré-mawé Jecinaldo Cabral recebeu da ministra Sônia Guajajara a missão de apurar as denúncias de ameaças da Potássio do Brasil a indígenas muras de Autazes, no interior do Amazonas.

A mineradora é acusada de invadir e criar conflito com moradores tradicionais de terra indígena onde pretende extrair potássio.

O MPF (Ministério Público Federal) colheu diversas denúncias contra a empresa, todas feitas pelos muras. Conforme eles, as ameaças vão de pressão pela venda de terras a morte. Um dos que relataram tal situação, por exemplo, é o vice-tuxaua Vavá Izack, de 36 anos.

Dessa forma, Cabral vai a Autazes neste dia 17 e lá permanece até 19. Ele participará do 6º Encontro do Povo Mura de Autazes e Careiro da Várzea, organizado pelos indígenas das duas cidades do Amazonas.

“Vamos ouvir e ver essa situação da realidade do povo mura. Apurar essas ameaças que foram denunciadas pelas próprias lideranças. É um tema que não é fácil. É complexo, mas tem de salvaguardar o direito das populações indígenas conforme a legislação”.

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Espaço ao diálogo

De acordo com Cabral, há espaço para discutir a questão econômica com a Potássio do Brasil.

“O diálogo também está aberto para buscar um desenvolvimento sustentável para todos, e não para algumas pessoas. Existe um posicionamento, mas isso não impede de a gente ter diálogo para buscar essa questão da economia, de desenvolvimento, mas que esse desenvolvimento tenha, inclusive, indígenas como co-gestores”.

Conforme afirmou, a presença do governo na questão é evitar que os moradores tradicionais sejam usados, como aconteceu com o garimpo em terra dos ianomâmis.

“Nós não queremos que seja o exemplo ianomâmi, que não pode continuar nos outros territórios indígenas”.

Para o líder indígena, agora servidor do governo, não é possível dizer que mineração em terra ianomâmi não pode e na dos muras de Autazes pode.

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Prevenindo dano

Assim sendo, Cabral afirmou que o Ministério dos Povos Indígenas começa a atuar para debelar qualquer conflito na terra indígena de Autazes. A ordem que recebeu da ministra é de salvaguardar o direito das populações indígenas. 

Como resultado, a atuação vai ser preventiva no sentido de evitar danos à população mura, disse o coordenador indígena.

Foto: divulgação