Moro Ă© acusado de infiltrar policial e espionar presidente de TCE

AlĂ©m disso, o ex-juiz da Lava Jato teria colocado escutas ilegais em escritĂ³rio de ex-deputado

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Publicado em: 02/10/2023 Ă s 11:07 | Atualizado em: 02/10/2023 Ă s 11:07

O ex-juiz e senador Sergio Moro tem sido acusado espionagem no perĂ­odo que atuava como magistrado em Curitiba, no ParanĂ¡.

De acordo com reportagem do G1, em decisĂ£o do dia 15 de dezembro de 2004, que sucedeu a assinatura do acordo de colaboraĂ§Ă£o do ex-deputado estadual do ParanĂ¡, Tony Garcia, Moro determinou que fossem instaladas escutas no escritĂ³rio do empresĂ¡rio e que um policial federal atuasse infiltrado no local, como se fosse secretĂ¡rio de Tony.

Segundo o ex-deputado informou ao Supremo, essa estrutura permitiu que ele grampeasse autoridades com foro, como o entĂ£o presidente do Tribunal de Contas do Estado no ano de 2005.

Em nota Moro disse que nenhuma autoridade com foro foi investigada e que jamais solicitou tais gravações.

O detalhamento do aparato fornecido a Tony, que diz ter sido usado por Moro para levantar informações sobre ministros do STJ, conselheiros do TCE e tambĂ©m desembargadores do TRF-4, estĂ¡ detalhado em decisĂ£o do ex-juiz.

Na decisĂ£o, Moro escreve que, para o andamento das investigações que começariam em 1º de fevereiro de 2005 seria necessĂ¡rio:

  • “a) instalaĂ§Ă£o de equipamento de escuta ambiental, preferivelmente Ă¡udio e vĂ­deo, com capacidade para gravaĂ§Ă£o por perĂ­odos longos, em duas salas e em estabelecimentos distintos”.
  • “b) A provĂ¡vel utilizaĂ§Ă£o, por um perĂ­odo de cerca de seis meses de agente policial infiltrado como secretĂ¡rio de escritĂ³rio de prestaĂ§Ă£o de serviços”.

Moro, por fim, explica que “as medidas visam Ă  investigaĂ§Ă£o de crimes de colarinho branco provavelmente cometidos por agentes polĂ­ticos e pĂºblicos”.

Nas declarações prestadas agora que trava uma batalha contra o ex-juiz no Supremo, Tony afirmou que esse aparado permitiu que ele grampeasse, por exemplo, o entĂ£o presidente do Tribunal de Contas do Estado, por mais de uma hora.

Ainda segundo disse aos investigadores que atuam com o ministro Dias Toffoli, o conteĂºdo dos grampos era entregue “em mĂ£os” para Moro, sem passar inclusive pelo MinistĂ©rio PĂºblico antecipadamente.

Presidentes de Tribunais de Contas tĂªm foro de prerrogativa de funĂ§Ă£o no Superior Tribunal de Justiça.

Moro diz que Tony Garcia Ă© um criminoso condenado, que mente Ă s autoridades. “Tony Garcia Ă© um criminoso condenado. NĂ£o existe, nem nunca existiu gravaĂ§Ă£o de magistrado, nem nunca foi solicitado dele gravações de autoridades com foro”, diz o ex-juiz e hoje senador.

“As suspeitas eram principalmente de trĂ¡fico de influĂªncia, de terceiros que haviam pedido dinheiro a pretexto de entregĂ¡-los a autoridades sem que essas participassem dos ilĂ­citos”, diz Moro.

Como mostrou o g1, ele conduziu depoimentos sobre integrantes do STJ e outras cortes.

“Uma das pessoas investigadas, aliĂ¡s, foi condenada exatamente por este crime. Nenhuma autoridade com foro foi investigada. É oportuno lembrar que os depoimentos foram colhidos perante a autoridade judiciĂ¡ria com a presença de representante do MinistĂ©rio PĂºblico e de defesa.”

O ex-juiz conclui dizendo que “vale ressaltar que esses fatos ocorreram em 2004 e 2005, portanto, hĂ¡ mais de 17 anos”.

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Foto: Marcelo Camargo/AgĂªncia Brasil