Por Rosiene Carvalho, Da Redação
Os discursos antagônicos adotados pelo presidente estadual do PR, Alfredo Nascimento, e pelo presidente municipal da sigla, Marcelo Ramos, em entrevistas ao BNC , atiçaram reações entre os aliados do partido, que é o primeiro a colocar a banca na rua rumo à disputa eleitoral de 2018.
Enquanto uns interpretam que Alfredo cisca para dentro e coloca a manada no curral e Marcelo age qual touro brabo afastando a manada da porteira, outro avaliam que a jogada pode ser ensaiada.
Na entrevista do dia 12 de janeiro, Alfredo, em discurso moderado e cauteloso, anunciou as pré-candidaturas dele ao Senado, de Marcelo Ramos à Câmara dos Deputados e de uma chapa puro sangue à Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM).
O parlamentar cogitou disputar, sem alianças, uma das vagas ao Senado em função do partido ter tempo de TV e fundo partidário, trunfos desejados por grupos que vão lançar candidatos ao Governo do Estado.
Ao lançar a isca, Alfredo disse que o PR está “livre, leve e solto” para as Eleições 2018, sem amarras com o senador Eduardo Braga (PMDB), com quem firmou aliança em 2017.
Alfredo fez vastos elogios às gestões de Amazonino Mendes (PDT) e Arthur Neto (PSDB) e foi econômico na deferência a Braga
Discursos diferentes
Quatro dias depois, nesta terça-feira, dia 16, Marcelo atirou para outro lado. Foi macio e fraterno com o senador Eduardo Braga e nada sutil em relação às gestões dos dois autores de suas recentes derrotas na urnas.
Arthur, para ele, faz gestão desastrosa de Manaus. E Amazonino é líder de uma gestão que, para o ex-vice de Braga, não pode ser chamada de “governo”.
A língua afiada de Marcelo não poupou a bancada federal. A maioria dos ocupantes do cargo que Marcelo, a princípio, postula podem ser divididos, segundo ele, em “os ausentes” e “os deputados de paróquia” com baixa capacidade para defender os interesses do Amazonas em Brasília.
Embora esta seja uma disputa em que, em tese, 50% da bancada será renovada por W.O, a fala de Marcelo Ramos ignora que dificilmente um candidato consegue se eleger sem o apoio dos votos coligação ao cargo de deputado federal.
A cereja do bolo, no entanto, veio com a declaração de que, caso o ex-deputado federal Francisco Praciano (PT) dispute o Governo do Estado, o petista será seu candidato.
A declaração foi considerada, até por aliados, como precipitada em função de toda água que ainda vai rolar debaixo da ponte até julho, quando haverá o registro das candidaturas.
Não dá para dizer que Marcelo faz leituras equivocadas sobre as gestões estadual e municipal e sobre os políticos do Estado, mas também não se pode negar que ele sofreu nas últimas eleições pela dificuldade de congregar alianças partidárias e “pagou a língua” durante as campanhas.
PT
O movimento de Marcelo em relação a Praciano não é tão contraditório assim. Nacionalmente, o PR namora e é namorado pela campanha do presidenciável petista Luís Inácio Lula da Silva.
Mas, independente dos palanques nacionais, a eleição de Alfredo Nascimento ao Senado é a prioridade número 1 no Amazonas.
Aliás, os planos de Alfredo foram olhados como prioridade nas Eleições 2017, quando Marcelo foi impedido, com grandes chances de vitória, de disputar o Governo para negociar chapa deste ano que favorecesse os planos do presidente estadual.
Não deu certo, porque Braga também desistiu do Governo e vai disputar uma das vagas ao Senado.
De toda sorte, este é o tempo do namoro e dos blefes. Neste ponto da disputa não dá para caracterizar como traição conversas e nem negócio fechado declarações precipitadas.
“Eu sou um sobrevivente neste meio”, diz Marcelo Ramos ao BNC
Alfredo diz que só via judicial pode impedir vitória de Lula em 2018
Enquanto Alfredo abraça Arthur, Marcelo namora Praciano