Deputado exorciza o “ajoelhar no milho” e dá alerta para Wilson Lima

Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 09/04/2019 às 13:12 | Atualizado em: 09/04/2019 às 13:12
Aguinaldo Rodrigues, da Redação
A eleição em 2018 para a Câmara dos Deputados representou para Marcelo Ramos (PR) muito mais do que uma vitória eleitoral. Representou um renascimento para a política, um “ajoelhar no milho” imposto pela população do Amazonas como chance para correção de rumo, para que ele reescreva sua história.
Esse foi apenas um dos pontos na interessante entrevista que o deputado federal concedeu na noite desta segunda, dia 8, ao programa “Conversa Franca”, do BNC Amazonas, apresentado por Antônio Barbosa.
Chamado a avaliar os 100 dias do governo de Wilson Lima (PSC) no Amazonas, Ramos primeiramente revelou como foi a negociação no episódio da retirada do então apresentador de TV e sua popularidade de vice na chapa que disputou a prefeitura em 2016.
“Acho que o Wilson precisa se espertar para não perder a popularidade […] Acho que o governo estadual ainda não disse a que veio. O Amazonas tem demandas muito urgentes, demandas administrativas, que dependem de decisões e autoridade, e que não estão sendo tomadas”.
Uma dessas situações é a dos professores, na iminência de entrar em greve pela discórdia no percentual de reajuste anual de salário. Ramos disse não concordar com apenas os 4% oferecidos pelo governo.
O deputado afirmou que está à disposição para colaborar com Wilson e seu governo, que identifica até com crise de autoridade.
Leia mais
Estreante na Câmara, Marcelo Ramos já briga por um lugar no alto clero
De joelhos no milho
Dos novatos do Amazonas no Congresso, Marcelo Ramos é o que vem ganhando mais notabilidade na mídia. Ele credita ao seu amadurecimento político essa nova fase na vida.
“O povo me ajoelhou [no milho], me castigou, e agora está me dando uma nova chance. E eu recebo isso com a maior humildade, a maior honraria, e por isso tenho me dedicado tanto ao mandato”.
Ramos se referia a um episódio marcante da política local. Em 2014, durante um debate na TV dos concorrentes ao Governo do Amazonas, ele disse a um dos oponentes, o senador Eduardo Braga (MDB), ex-governador do estado por dois mandatos seguidos (2003-2010), que agora ia ter de “ajoelhar no milho” para se submeter ao senador Omar Aziz (PSD) e ao governador de então José Melo (Pros), seus ex-aliados. Melo venceu aquela eleição e foi cassado em maio de 2017.
Eis que, em 2017, justamente para completar o mandato de Melo, Ramos entra na disputa ao governo tampão aliado a Braga. O eleitor não perdoou e se referia a ele como tendo “se ajoelhado no milho” para o ex-adversário.
O deputado não só encarou a questão com naturalidade e bom humor como justificou a posição tomada naquele momento.
Leia mais
Quatro meses depois, Marcelo se arrepende da aliança com Braga
A articulação de 2017
“É bom a gente entender o que aconteceu lá em 2017. Eu era o primeiro colocado em todas as pesquisas, mas o meu partido resolveu não me dar a legenda. O PR decidiu que eu não podia ser candidato e que iria apoiar o Eduardo Braga. Eu avaliei que não deveria ficar fora daquele processo. Hoje eu posso olhar pra trás, engenheiro de obra pronta, e dizer ‘eu tava errado, eu errei, eu deveria ter ficado fora daquele processo e ter esperado a eleição de 2018’”.
O bordão e as feridas de 2016
Com o mesmo espírito, Ramos não se esquivou de conversar francamente com Barbosa sobre o bordão que ficou famoso na campanha de 2016 à Prefeitura de Manaus, o “tem dinheiro, dá pra fazer”, que viralizou nas redes sociais e em todo lugar que ele ia.
E reconhece o mérito dos marqueteiros do seu adversário em segundo turno naquela eleição, o atual prefeito Arthur Neto (PSDB).
“Ficou muito marcado naquela eleição, é verdade, o ‘tem dinheiro, dá pra fazer’, do bordão que usamos no segundo turno, e acabou virando motivo de brincadeira pela habilidade da campanha de marketing do prefeito”, disse.
Hoje, dizendo-se mais amadurecido no mundo político, Ramos avalia que saiu realizado daquela campanha, em que acusa o adversário de ter usado a máquina pública contra sua candidatura de forma “avassaladora”, como nunca na história do Amazonas.
“Aquela eleição [2016] foi muito dura, muito acirrada, que deixou feridas até hoje, que não cicatrizaram porque eu acho que a campanha do prefeito [Arthur Neto, do PSDB] ultrapassou certos limites, de atingir minha honra, minha família, com mentiras, com manipulações, com vídeos montados”.
Ter chegado ao segundo turno desse pleito é considerada uma vitória por Ramos porque estava sem mandato desde 2014 e era o único candidato nessa condição.
“O Arthur [Neto] era prefeito, o Henrique [Oliveira] era vice-governador, o Silas [Câmara] era deputado federal, o Serafim [Corrêa] era deputado estadual, o José Ricardo era deputado estadual, o Luiz Castro era deputado estadual, … o Hissa [Abrahão] era deputado federal. E consegui passar ao segundo turno”.
Leia mais
Marcelo Ramos é confirmado vice-líder do PR na Câmara
Riqueza de temas
Ramos tratou ainda da reforma da previdência proposta pelo governo federal, comentando sobre a aposentadoria parlamentar, internet para o interior do estado, dos portos dos municípios, da dura negociação com o Ministério da Economia sobre a Zona Franca de Manaus (ZFM) e outros.
Veja a entrevista completa de Marcelo Ramos no “Conversa Franca”
https://www.facebook.com/bncplay/videos/1222606451228277/
Leia mais
Marcelo Ramos leva pito de Eduardo Braga em evento da Cieam
Foto: BNC Amazonas
Tags
- ajoelhar no milho
- alfredo nascimento
- deputado federal
- eduardo braga
- eleições 2014
- eleiçoes 2016
- eleições 2017
- eleições 2018
- eleições 2020
- governador
- governo do estado
- governo federal
- José Melo
- mandato
- marcelo ramos
- pr
- prefeito
- prefeitura de Manaus
- Previdência
- voto
- Wilson lima
- ZFM
- zona franca de manaus