O massacre de 55 presos em quatro presídios do Amazonas, nos últimos dias 26 e 27 de maio, em Manaus, pode ter nascido de fake news (notícias falsas) espalhadas por inimigos e membros da facção criminosa Família do Norte (FDN).
Essa é a suspeita que circularia dentro da própria facção, segundo publica nesta terça, dia 4, o portal do UOL.
A suposta trama, com divulgação de informações falsas, teria sido armada para criar um racha no grupo criminoso que domina o tráfico de drogas e o controle de ações no sistema prisional do estado, como demonstraram as execuções coordenadas e simultâneas de presos nos quatro presídios.
Soma-se a essa guerra interna corporis da FDN, comandada de dentro de presídios federais de “segurança máxima” pelos chefes Zé Roberto da Compensa e João Branco, o interesse de facções rivais no filão das drogas que saem da tríplice fronteira com Colômbia e Peru.
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Guerra territorial
PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho) tentam conquistar territórios da FDN. Essa guerra de criminosos ficou bem evidente nos maiores massacres entre presos da história do país , registrados em sequência nos presídios de Manaus, Boa Vista (RR) e Natal (RN) desde 2017.
“A tese que está crescendo agora é que há uma disputa pelo controle do crime no Amazonas. E essa disputa inclui a FDN. É uma facção em guerra com outras, mas também com ela mesma”, disse ao UOL o sociólogo Ítalo Lima, pesquisador das facções no Amazonas no LEV (Laboratório de Estudos da Violência) da UFC (Universidade Federal do Ceará).
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FDN em crise
Para a Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas (Seap ), o massacre deste ano foi ação interna da FDN.
Segundo o UOL, o depoimento de um suspeito de participação no massacre deste ano, a ordem partiu do traficante João Branco, que quer rachar o comando de Zé Roberto da Compensa e estaria negociando parceria com o CV.
“A ordem do JB [João Branco] é para matar todos os frentes do Zé no sistema, e quando ele [Zé] voltar, é para matar também”, seria a ordem.
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Sheila, a pivô
Outro personagem sinistro dessa história seria uma mulher de nome Sheila, suposta companheira de João Branco. Ela seria o elo de comunicação do traficante com seus seguidores na facção.
Após o massacre, vídeos e fotografias atribuídos a ela viralizaram em redes sociais. Neles, a mulher que seria Sheila aparece praticando sexo com inimigos do companheiro.
Em 2013, teria sido também ela a pivô da execução do delegado da Polícia Civil Oscar Cardoso, um crime em praça pública que teria sido ordenado por João Branco. Ela, Sheila, teria denunciado ao companheiro que o policial e sua equipe a teriam estuprado.
“Isso é uma armação [da Sheila e mais dois integrantes]. Eles querem destruir nossa família. Somos uma só família e, até que nossos pilares digam diferente, estaremos unidos aqui”, diz “comunicado” da FDN.
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Explosão da violência no Amazonas
A disputa das facções fez explodir o número de homicídios no Amazonas, que chamou a atenção do Atlas da Violência 2018.
“O Amazonas observou na última década um aumento expressivo da violência. Essa tendência pode ser observada em se considerando o número de homicídios que saltam de 699 em 2006 para 1.452 em 2016”, diz o documento.
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Foto: Reprodução/YouTube