Ministro diz que coronavírus vai se alastrar e país terá ’20 semanas duras’
Mandetta explicou que é difícil apontar o momento em que o limite de atendimento do SUS será superado pelo avanço da doença, pois o país é "assimétrico"

Neuto Segundo
Publicado em: 12/03/2020 às 09:04 | Atualizado em: 12/03/2020 às 09:04
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse na quarta-feira, 11, que o Brasil deve viver semanas “duras” após o começo da transmissão comunitária do novo coronavírus.
“Vamos passar por isso. Vai ser duro. Vão ser mais ou menos umas 20 semanas duras”, afirmou Mandetta ao Estadão/Broadcast.
Segundo o ministro, é difícil apontar o momento em que o limite de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) será superado pelo avanço da doença, pois o país é “assimétrico”.
“O Rio de Janeiro aguenta muito pouco. São Paulo aguenta um pouco mais. O Paraná é nosso melhor sistema, a melhor rede de distribuição. O Acre não tem nenhum caso. O Brasil é um continente”.
De acordo com o ministro, nessa fase da doença já não é possível identificar quem transmitiu o vírus para quem.
Leia mais no Estadão.
Leia mais
Com mais de 118 mil casos mundiais, OMS declara pandemia de coronavírus
Portaria de combate
Mandetta publica hoje no diário oficial portaria que regulamenta e operacionaliza medidas de enfrentamento ao coronavírus.
De acordo com a portaria, entre as medidas que poderão ser adotadas para resposta à emergência de saúde pública está o isolamento.
Isso objetiva a separação de pessoas sintomáticas ou assintomáticas, em investigação clínica e laboratorial, de maneira a evitar a propagação da infecção e transmissão local.
Segundo prevê o documento emitido pelo ministério, a medida de isolamento somente poderá ser determinada por prescrição médica ou por recomendação do agente de vigilância epidemiológica.
O prazo máximo é de 14 dias, podendo se estender por até igual período, conforme resultado laboratorial que comprove o risco de transmissão.
No caso de isolamento do paciente com diagnóstico positivo para novo coronavírus, a medida será determinada por ato médico e deverá ser efetuada, preferencialmente, em domicílio.
Mas, pode ser feito em hospitais públicos ou privados, conforme recomendação médica, a depender do estado clínico do paciente, diz ainda a portaria.
Leia mais
Governo vai lançar edital para o Mais Médicos no combate ao coronavírus
Quarentena
Sobre o estabelecimento de quarentena, é para garantir a manutenção dos serviços de saúde em local certo e determinado.
Isso deverá ser “mediante ato administrativo formal e devidamente motivado” pelos governos ou ministro da Saúde ou superiores em cada nível de gestão.
A quarentena será adotada pelo prazo de até 40 dias, podendo se estender pelo tempo necessário para reduzir a transmissão comunitária e garantir a manutenção dos serviços de saúde no território.
A portaria prevê também que a prorrogação do prazo dependerá de prévia avaliação do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública.
Leia mais
Um coronavírus para mostrar que a ZFM é necessária ao país
Recursos
Nesta quarta, durante audiência na Câmara dos Deputados, Mandetta informou sobre a negociação com o Congresso para liberação de até R$ 5 bilhões para ações de enfrentamento ao coronavírus.
O recurso, oriundo de emendas da relatoria da casa, será utilizado na atenção primária e hospitalar para reforçar as ações contra o vírus.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse que o Congresso está à disposição da sociedade para discutir não só leis, mas também questões orçamentárias.
Leia mais
Amazonas passa a fazer diagnóstico do coronavírus em Manaus
Atualização dos casos
De acordo com o ministério, até às 16h45 de quarta, subiu para 52 o número de casos confirmados de coronavírus no Brasil.
Desse total, sete são por transmissão local, quando é possível relacionar o doente a um caso confirmado e 45 são importados, ou seja, de pessoas que viajaram ao exterior.
Atualmente, são monitorados 907 casos suspeitos. Outros 935 foram descartados.
Os casos confirmados no Brasil estão divididos em oito estados: Alagoas (1), Bahia (2), Minas Gerais (1), Espírito Santo (1), Rio de Janeiro (13), São Paulo (30), Rio Grande do Sul (2) e Distrito Federal (2).
Fonte: Agência Brasil
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil