Bolsonaro ataca governadores e retarda auxílio emergencial aos pobres

Parlamentares criticam o presidente por nova provocação contra governadores e prefeitos

Por Iram Alfaia, de Brasília

Publicado em: 01/04/2020 às 11:32 | Atualizado em: 01/04/2020 às 11:32

Em pronunciamento nesta terça-feira, dia 31, em cadeia de rádio e tevê e visivelmente pressionado, Bolsonaro falou em conciliação. Mudou o tom do discurso contra o isolamento social da população.

Porém, não custou muito para o presidente voltar ao seu estilo agressivo. Nesta quarta-feira, 1º, ele postou um vídeo mentiroso de um apoiador falando sobre o desabastecimento da Ceasa de Belo Horizonte.

Junto com o vídeo, Bolsonaro escreveu no Twitter haver desentendimento entre ele e “alguns governadores” e “alguns prefeitos”, mas a realidade deveria ser mostrada. “Depois da destruição não interessa mostrar culpados”, provocou.

O repórter da CBN Pedro Bohnenberger esteve na Ceasa neste 1º de abril e mostrou uma realidade diferente. O local funcionava normalmente.

 

Reação

Mas apostura do presidente irritou lideranças no parlamento. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) alegou que não dá para acreditar no presidente.

“Bolsonaro não é confiável. O que diz à noite não tem valor pela manhã. Ele não está nem aí com o País, apenas faz cálculo eleitoral para manter sua matilha nas redes. Caso se importasse com o sofrimento do povo, já estaria pagando a renda emergencial”, criticou.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que o presidente não entende a necessidade de união nesse momento de crise.

“Como pode, em pronunciamento, falar em pacto, e começar o dia atacando governadores (…) Deve tomar medidas urgentes e de forma integrada aos governos, a começar pela sanção imediata do Renda Básica Emergencial, que protegerá uma parcela importante da sociedade”, defendeu o senador.

“Bolsonaro tem que imediatamente iniciar o pagamento do benefício emergência que aprovamos na câmara. Não dá pra ficar com conversa fiada e as famílias passando por enormes privações”, disse o líder da Oposição na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE).

Ao se referir ao pronunciamento do presidente, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) disse que é preciso que o Brasil atingisse a triste marca de 200 mortes para que Bolsonaro finalmente reconhecesse que o novo coronavirus é uma realidade.

“Enquanto isso, há pessoas passando fome. Quantos mais precisarão morrer para que ele socorra os que se sacrificam em casa? #PagaLogoBolsonaro”, publicou o deputado no Twitter.

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Foto: Reprodução/Facebook