Marcelo Ramos pode recolocar seu nome na disputa na Câmara

De acordo com o assessor parlamentar do Diap, Marcos Verlaine, quem tiver o apoio da oposição será o novo presidente da Câmara

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 08/12/2020 às 18:30 | Atualizado em: 08/12/2020 às 18:42

O deputado federal Marcelo Ramos (PL) não descarta reapresentar seu nome para disputar a presidência da Câmara dos Deputados.

Para isso, o parlamentar vai avaliar como ficará a nova configuração política na casa após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que proibiu a reeleição para as mesas diretoras da Câmara e do Senado.

“Vou aguardar as peças se recomporem após a decisão do STF. Penso que os próximos dias serão fundamentais porque deveremos ter mudanças na conformação dos blocos partidários. São os blocos que vão definir que são os candidatos mais viáveis”, disse ele ao BNC Amazonas.

Na semana passada, o deputado amazonense afirmou que estava desistindo da candidatura para apoiar o nome que seu partido indicar.

Neste caso, o PL apoia Arthur Lira (PP-AL), líder do centrão e candidato favorito do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).

“Sou um homem de partido e, na hora certa, farei um posicionamento oficial, junto com o meu partido. Sigo conversando com meus colegas deputados e procurando construir um caminho de independência e harmonia entre os Poderes”, disse na ocasião ao site Antagonista.

No entanto, o deputado avalia que ainda pode ser um nome que promova a unidade de diversos blocos partidários na casa, sobretudo os partidos de esquerda, que serão decisivos na eleição.

Desse modo, Ramos sempre foi citado por Rodrigo Maia entre os pré-candidatos a sucedê-lo no comando.

 

O fiel da balança

De acordo com o assessor parlamentar do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), Marcos Verlaine, quem tiver o apoio da oposição será o novo presidente da Câmara.

Conforme o analista, a chamada bancada de esquerda ou de oposição, somada, tem 132 votos na casa — PT (54), PSB (31), PDT (28), PSol (10) e PCdoB (9) — se votar em bloco pode decidir quem vai ser o próximo presidente.

Sob essa perspectiva, Verlaine analisou os atuais nomes apontados por Maia: Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Baleia Rossi (MDB-SP), Marcos Pereira (Republicanos-SP), Elmar Nascimento (DEM-BA) e Luciano Bivar (PSL-PE).

Segundo ele, Aguinaldo Ribeiro tem o problema de ser do mesmo partido de Arthur Lira, o que não lhe impede de ser candidato. Ribeiro foi ex-ministro de Dilma Rousseff.

Já Rossi terá muitos problemas para se viabilizar. “Ele sofre veto direto do PT, pois é um nome muito ligado ao do ex-presidente Michel Temer (MDB), vice-presidente de Dilma Rousseff, e um dos artífices do impeachment”, diz o analista.

O atual vice-presidente Marcos Pereira, conforme o pesquisador, não passa pelo crivo da oposição. “É um dos líderes da igreja Universal, denominação cujo líder máximo é o bispo Edir Macedo, que é ligado ao presidente Jair Bolsonaro”, lembrou.

“Elmar Nascimento é da Bahia e do DEM, mesmo estado e partido de ACM Neto, principal adversário regional do senador Jaques Wagner (PT-BA) e, portanto, poderá receber veto do PT”, disse.

Por fim, o assessor do Diap afirmou que Bivar é o presidente do partido que abrigou o então deputado Bolsonaro para que fosse candidato à Presidência da República. “Portanto, é um nome que também sofre fortíssimo veto da oposição”.

 

Leia mais

Marcelo Ramos desiste da disputa pela presidência da Câmara, diz site

 

 

Foto: Reprodução/Facebook