O senador Plínio Valério (PSDB) comemorou a aprovação do que será sua primeira lei de repercussão nacional: o projeto de autonomia do Banco Central (PLP 19/19). A matéria foi aprovada na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (10), por 339 votos a 114.
“Agradeço o voto daqueles que compreendem e querem um Brasil melhor e se despem de suas vaidades para votar um projeto que é bom para a nação. É chororô e falácia esse argumento da esquerda que a autonomia do BC vai aumentar a desigualdade e entregar a política monetária para banqueiros”, disparou o senador .
Após a votação dos destaques e, como já foi aprovado no Senado, a matéria segue para a sanção presidencial.
Da bancada do Amazonas na Câmara, o senador só não teve o apoio do deputado petista Zé Ricardo, para quem os argumentos contrários não são falácias.
“Tem deputado federal que acabou de votar pela autonomia do Banco Central, onde os bancos têm total influência, para seus interesses, e agora diz que temos que fiscalizar os bancos. Esses são os parlamentares que entregam para as raposas o presente e futuro do povo brasileiro”, criticou Zé Ricardo.
Para o senador, no entanto, está provado que nos países onde o BC tem mais autonomia, o controle da inflação é mais eficaz e a política monetária tem maior credibilidade.
“Nada afeta mais a população de baixa renda que descontrole de preços e aumento da inflação. Outro ponto é, com maior credibilidade da nossa moeda, haverá aumento de investimento estrangeiro e aumento do emprego, tão necessário após esse baque da economia durante a pandemia”, disse por meio de nota.
Por fim, o senador garantiu que o BC ficará “blindado de políticas populistas de políticos oportunistas em véspera de eleição”.
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Oposição
Apesar da resistência de partidos de oposição, calcula-se que ao menos dez deputados do PSB e cinco do PDT votaram a favor do projeto do senador amazonense.
A deputada Tabata Amaral (PDT-SP) estava nessa lista. Para ela, a autonomia do Banco Central é uma prática comum em outros países.
“Previne que sejamos vítimas de governos autoritários e populistas de governos de esquerda ou de direita”, disse.
Plínio, contudo, presenciou voz contrária ao projeto dentro da sua própria bancada. O senador José Serra (SP), por exemplo, engrossou o coro da esquerda contra a matéria.
Em artigo publicado nesta quarta, o senador paulista afirmou que o projeto tende a aumentar ainda mais a desigualdade social no país.
Com base num estudo de pesquisadores do Banco Mundial, Serra disse que a proposta é moralmente perversa e deve ser rejeitada, pois a independência política de um Banco Central aumenta a já enorme barreira que separa ricos e pobres.
São três os motivos: limita o alcance da política fiscal, o que limita a capacidade de um governo para distribuir recursos; incentiva a desregulamentação irresponsável dos mercados financeiros e; promove indiretamente políticas que enfraquecem o poder de negociação dos trabalhadores, com o objetivo de conter pressões inflacionárias.
Foto: Gerdan Wesley/PSDB/arquivo