Apesar de anunciada como obra prioritária pelo governo de Jair Bolsonaro, o asfaltamento da BR-319 está longe de se tornar uma realidade.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022, aprovada nesta quinta-feira (15) pelo Congresso Nacional, estabeleceu como meta asfaltar apenas dois quilômetros da rodovia.
Para isso, o relator da LDO, deputado Juscelino Filho (MDB-MA), aproveitou uma emenda do senador Plínio Valério (PSDB-AM) para acatá-la parcialmente, mas para diminuir ainda mais as metas de investimentos na rodovia.
A ementa de Valério fazia um acréscimo de provimento de recursos para 150 quilômetros de pavimentação do “trecho do meio” da BR-319 para o ano que vem. A meta do ano passado era de apenas seis quilômetros.
Com os atuais dois quilômetros, a proposta do senador sofreu uma depreciação na prática. O corte do relator permaneceu no texto final aprovado pelo Congresso.
Além do conceito econômico, o senador afirmou na emenda que a BR-319 tem importância para a integração com o restante território nacional.
De acordo com ele, ao longo dos últimos 40 anos a BR-319 foi marcada por contínua degradação, tornando-se praticamente intransitável ao longo de todo o seu percurso.
“Somente no último ano voltou-se a programar a recuperação de sua pavimentação, praticamente destruída, motivo pelo qual consideramos aconselhável prover recursos para a retomada dessas obras”, justificou.
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‘Trecho do meio’
O chamado “trecho do meio” abrange 405 quilômetros dos 885 da estrada. O governo dividiu o trecho em quatro lotes e o custo estimado chega a R$ 1,5 bilhão ao longo de quatro anos.
A área em questão fica localizada após o rio Igapó-Açu (km 250) até o entroncamento com a BR-230, no km 655, próximo a Humaitá.
No mês passado, o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit) informou dispor de R$ 130 milhões para manutenção, conservação e recuperação da BR-319.
O asfaltamento da estrada é apontado por ambientalista como grave ameaça ao meio ambiente, uma vez que iria contribuir para aumento do desmatamento.
Por outro lado, os que defendem a reconstrução dizem que será viabilizada a ligação terrestre do Amazonas e Roraima com o restante do país.
Além disso, vai melhorar o abastecimento dos dois estados e representa uma alternativa para escoar os produtos do polo industrial de Manaus.
Foto: Divulgação/Movimento BR-319