O Brasil não está em crise. Em todas as áreas, o terceiro mandato do presidente Lula enfrenta enormes desafios. Contudo, não se pode confundir crise com desafios. Na verdade, quem está em crise é a extrema direita bolsonarista.
Este segmento enfrenta uma crise por diversos fatores, dentre os quais destacam-se: a falta de projeto para o país, as dívidas com a justiça brasileira e a ausência de candidato competitivo para as eleições presidenciais de 2026, visto que Jair Bolsonaro não será candidato, pois está inelegível por oito anos, com processo transitado em julgado.
Tigre de papel
Bolsonaro é hoje um tigre de papel. Com isso, não estou afirmando que ele perdeu totalmente a sua base social. Entretanto, mesmo dentro do que se convencionou chamar de bolsonarismo, seu nome não é mais uma unanimidade como foi em 2018 e 2022. A prova disso são os nomes lançados sem sua devida aprovação. Parece que ninguém está disposto a respeitar cegamente o capitão lá pelas bandas do neofascismo brasileiro.
Nesse contexto, sem projeto de nação, sem candidato forte e ainda dividida internamente, com muitos nomes aptos para a disputa de 2026, a extrema direita busca fazer o que sabe fazer de melhor: criar e espalhar fake news .
É isso que ocorre nos ataques relacionados à desqualificação do governo Lula. A ideia é a mesma de sempre: causar pânico moral e desesperança no povo brasileiro. Todavia, os números da atual gestão de Lula mostram outra realidade.
Números do governo
Vejamos alguns exemplos com base em dados do governo, IBGE e Banco Central:
1) Índice de desemprego com a menor porcentagem da série histórica: 6,1%; 2) previsão de crescimento do PIB entre 3,3% e 3,8%, contrariando todas as previsões do mercado; 3) menor índice de pobreza da história: 27,4%; 4) retorno do país ao grupo das dez maiores economias do mundo; 5) salário mínimo corrigido acima da inflação, com ganho real; 6) retorno do respeito e do interesse internacional pelo país; 7) retomada do protagonismo na questão ambiental, com a realização da COP em Belém; 8) retomada das obras do PAC; 9) manutenção e ampliação do Bolsa Família; 10) aprovação da quase secular reforma tributária; 11) ampliação das universidades e institutos federais; 12) aumento de 85% no número de médicos atendendo à população; 13) preservação da democracia no país.
A lista é muito maior, mas fiquemos com esses treze itens apenas. Como dito, os números não autorizam ninguém a falar de crise. Isso significa que está tudo bem? Claro que não. Há enormes desafios a serem superados.
Todavia, é importantíssimo destacar que o Brasil, por seis anos (Temer e Bolsonaro), passou por um forte processo de destruição de suas estruturas governamentais. Isso significa dizer que a reconstrução, como esperado, não está sendo fácil, mas está ocorrendo. Não admitir isso e ainda negar essa reconstrução só pode se dar em um ambiente de mau-caratismo e desonestidade intelectual.
Conclusão
Concluo pedindo que a esquerda não se deixe alarmar pelas fake news da extrema direita. Essa, até o momento, é a única estratégia que lhes restou para o embate político. Eles não têm todo esse poder que dizem ter. A eleição de 2022 provou isso. Bolsonaro foi derrotado mesmo com todas as manobras que realizou.
Por outro lado, precisamos, como militantes, continuar cobrando e criticando o nosso governo, quando necessário. A crítica é um instrumento de aperfeiçoamento do governo. É assim que o jogo democrático deve ocorrer.
Não existe, na política, muito menos no campo progressista, espaço para a veneração. Isso ficou para o campo da religião. Tampouco existe espaço para o medo. Não estamos em crise. A crise é da extrema direita bolsonarista, não nossa. Eles não têm projeto de nação, muito menos o desejo de mudar algo. O que lhes restou foi o boicote e o ódio, nada mais.
*Sociólogo
Arte: Gilmal