As universidades sofreram nos últimos anos ataques caluniosos, injuriosos e maledicentes vindos de negacionistas inescrupulosos. Para estes, o espaço da universidade é um espaço de perdição, sedição, cooptação e doutrinação da juventude. Um espaço que, sob a ótica deles, nada produz de bom para a sociedade.
Não há nada mais falso e tolo do que este tipo de pensamento. De fato, quando a ignorância se junta com a militância política de extrema direita este tipo de pensamento e comportamento prolifera numa velocidade estonteante.
Os incautos desconhecem a história do desenvolvimento das universidades, que remonta a milhares de anos. Uma ideia, um conceito que evoluiu e se desenvolveu em diferentes regiões do mundo ao longo do tempo. Universidades são instituições de ensino superior e de pesquisa, que oferecem uma ampla gama de conteúdos acadêmicos em diversos níveis e áreas.
A história das universidades e do ensino superior vem de longa data. As primeiras formas de educação superior são traçadas desde a Antiguidade, por exemplo, com a criação de escolas e academias na Grécia, como a Academia de Platão em Atenas, fundada em 387 a.C., e o Liceu de Aristóteles, fundado em 335 a.C.
Ainda na Europa, durante a Idade Média, importantes universidades surgiram como a Universidade de Bolonha, fundada em 1088, a Universidade de Oxford, fundada em 1096, a Universidade de Paris, fundada em 1150, assim como a Universidade de Salamanca, fundada em 1218, e a Universidade de Coimbra, fundada em 1290, apenas para citar algumas.
O mundo social se desenvolveu a partir das contribuições de personagens importantes que passaram por algumas destas instituições. À guisa de exemplo, Dante Alighieri, na Universidade de Bolonha, São Tomás de Aquino, na Universidade de Paris, Isaac Newton, na Universidade Cambridge e tantos outros nomes que mudaram a história a partir de seus estudos e descobertas.
Saindo do Ocidente e viajando até a Índia, encontramos as universidades de Takshashila no antigo reino de Gandahar, atual Punjab, no Paquistão e Nalanda, atual estado de Bihar, que datam dos séculos V e VI a.C.
No período do Renascimento, entre os séculos XIV e XVI, as universidades europeias se expandiram e ganharam prestígio. Novas disciplinas, como ciências, filosofia, matemática, física, literatura e artes, foram certificadas nos currículos acadêmicos.
Ademais, com a chegada da Era Moderna as universidades se tornaram centros importantes para a pesquisa científica e a disseminação do conhecimento. Durante o século XIX, as universidades se mantiveram e se estenderam para outras partes do mundo, especialmente para as colônias europeias.
Neste âmbito, ao longo do século XX a educação superior continuou a se expandir, tornando-se mais acessível para um número maior de pessoas em muitos países. Com o advento da Internet, a educação a distância e o ensino online também cresceram proporcionando novas oportunidades de formação.
As universidades se tornaram o pilar central da sociedade e da economia do conhecimento. Cada país possui seu sistema de ensino superior, com universidades públicas e privadas, oferecendo programas acadêmicos variados para atender às necessidades de suas sociedades. Atualmente, no Brasil, elas exercem papel fundamental na formação de profissionais nas áreas da pesquisa científica e do desenvolvimento tecnológico.
Nossas universidades voltaram a viver dias melhores a partir da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Contudo, ainda há muito por fazer. É preciso continuar a política de recomposição do orçamento, ampliar as políticas de inclusão e de permanência, democratizar ainda mais o acesso, reconhecer e legitimar o protagonismo do desenvolvimento científico e tecnológico do país que pertence às universidades públicas, federais ou não.
Neste sentido, após esta breve cronologia, certamente com algumas falhas, o que dizer destas pessoas que negam as enormes contribuições dadas à humanidade pelos cientistas e pelas universidades? A resposta é uma só: são uns tolos!
Somente eles, os tolos, os boçais, os desprovidos de qualquer senso de realidade podem inferir que uma universidade seja desnecessária a uma dada sociedade. Somente estes, que se banham nas águas da ignorância, atestam que este tipo de instituição milenar nada produz e ainda perverte e aliena os seus frequentadores.
Apenas os tolos odeiam as universidades.
*O autor é sociólogo.
Foto/imagem: Gilmal