Iram Alfaia , do BNC Amazonas em Brasília
Único deputado amazonense membro da comissão especial da Câmara dos Deputados que vai decidir sobre o retorno do voto impresso nas eleições, Bosco Saraiva (Solidariedade) não vê muita chance da proposta de emenda à Constituição (PEC) prosperar.
A PEC, defendida enfaticamente pelo presidente Jair Bolsonaro, será votada na comissão na próxima quinta-feira (5).
Na avaliação de Saraiva, a maioria dos seus colegas na comissão tem posição contra a proposta.
É o caso dele. “Sou contra o voto impresso. Acho que devemos avançar na segurança dentro do campo eletrônico”, diz o deputado.
De acordo com ele, o retorno do voto impresso representa um atraso e também a volta da possibilidade do voto de cabresto.
Em discurso a apoiadores, que se reuniram neste final de semana em algumas capitais, o presidente Bolsonaro defendeu o voto impresso e voltou a colocar em dúvida a realização das eleições em 2022.
Em live, ele já havia admitido não ter provas de fraude no atual sistema eleitoral por urnas eletrônicas.
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Reação
O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, do mesmo partido de Bosco Saraiva, diz que os atos a favor do voto impresso não influenciarão na decisão dos parlamentares.
“Efeito zero. Não muda nada. Estamos seguros de que o voto impresso não é necessário. Confiança total nas urnas eletrônicas”, disse Paulinho da Força à Folha de S.Paulo.
O líder da oposição na Casa, Alessandro Molon (PSB-RJ), diz que, em mais um ataque à democracia, Bolsonaro criou um espetáculo em torno do voto impresso para tumultuar as eleições e evitar sua derrota em 2022.
“A oposição não cederá! Vamos derrotar a PEC do voto impresso”, disse.
“Manifestações convocadas por Bolsonaro fracassam! O tal voto impresso está derrotado nas ruas e no Congresso. Essa semana retomamos as sessões e tudo faremos para derrotar esse retrocesso democrático”, afirmou o deputado José Guimarães (PT-CE).
Foto: Vinícius Loures/Câmara dos Deputados