Por dentro do voto: é melhor escolher partido ou puxador de votos a deputado?
Brasileiros vão às urnas em 2 de outubro para decidir quem serão os 513 deputados federais a ocupar os cargos pelos próximos quatro anos

Publicado em: 23/09/2022 às 10:56 | Atualizado em: 23/09/2022 às 11:08
Na hora de votar, é possível escolher entre duas opções: o voto em um candidato específico ou o voto na legenda, isto é, apenas no número do partido.
Os brasileiros vão às urnas em 2 de outubro de 2022 para decidir quem serão os 513 deputados federais a ocupar os cargos pelos próximos quatro anos.
Entre as candidaturas, não é incomum a presença dos chamados “puxadores de votos” —nomes que, devido à sua fama ou reconhecimento, têm um desempenho acima da média nas urnas e, com isso, podem ajudar a eleger outros candidatos do mesmo partido ou federação.
Um levantamento do UOL mostra qual pode ser o impacto real dos “puxadores de votos”. Além de responder questões como se votar nessas candidaturas é uma boa estratégia para eleger deputados federais e se o voto na legenda é uma boa opção.
Sistema proporcional
De acordo com o texto, antes de mais nada, é preciso entender que, no Brasil, os deputados são eleitos pelo sistema proporcional.
Este modelo considera os votos diretamente recebidos pelos candidatos e também o conjunto de votos nos partidos e federações para então distribuí-los entre as candidaturas.
Neste processo, são utilizados mecanismos como o quociente eleitoral para estabelecer quantos votos são necessários para que uma cadeira seja ocupada na Câmara dos Deputados.
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Também com base no volume total de votos recebidos, cada partido tem direito a um número de vagas, que são então ocupadas pelos candidatos com mais votos dentro das próprias legendas.
A cientista política Andréa Freitas, professora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e coordenadora do Núcleo de Instituições Políticas e Eleições do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), afirma que, ao votar na legenda de um partido, isso aumenta o quociente eleitoral da legenda e, consequentemente, suas chances de ocupar uma cadeira na Câmara.
“Mas, por outro lado, eu não vou decidir quem é o sujeito que vai ocupar essa cadeira, quem vai ser efetivamente o deputado a ocupar essa cadeira. Essa é a primeira lógica para pensar se você quer votar na legenda ou se você quer votar em um candidato”, diz ela.
É por isso que para Cláudio Couto, cientista político e professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), o voto na legenda não é uma boa opção para o eleitor.
“Não porque o voto seja perdido, o voto vale para o partido. Mas, quando você faz o voto de legenda, você abre mão de definir qual é a ordem que o partido pode ter nos seus candidatos”, afirma ele.
Além disso, outra regra eleitoral a ser considerada neste cenário é a cláusula de desempenho individual: ela estabelece que, para serem efetivamente eleitos, os candidatos devem atingir ou superar, em votos, o correspondente a 10% do quociente eleitoral do seu estado.
Isso torna possível um cenário em que, apesar de receber uma quantidade total de votos elevada, um partido ou federação consiga eleger poucos ou até mesmo nenhum deputado.
Leia mais na reportagem de Carla Bermúdez, no UOL.
Foto: Agência Câmara