O ex-prefeito de Nhamundá Mário Paulain (PSB) resolveu quebrar o silêncio acerca do episódio que culminou com sua prisão no primeiro turno das eleições no Amazonas, em uma pousada do município de Nhamundá, por supostamente estar atuando na compra de votos em prol do candidato Wilson Lima (PSC).
Paulain se diz vítima de uma armação da campanha do governador e candidato à reeleição Amazonino Mendes (PDT), executada pelo delegado de Polícia Enéas Cardoso Gonçalves.
O policial, segundo ele, montou inclusive o cenário do flagrante, juntando material de Wilson, aos quais queria relacioná-lo a corrupção eleitoral, e tentando excluir uma bandeira do candidato Amazonino.
“Tudo de campanha que tinha na pousada ele colocou para fotografar. Havia uma bandeira do Amazonino que ele tirou e eu disse: ‘Não, você está colocando tudo, coloque também a bandeira do governador’. E ele colocou”.
Delegado acusado de parcialidade
O ex-prefeito diz que o delegado fez campanha aberta para o pedetista e foi ele que deflagrou a operação. Mas, estranhou:
“Foi o delegado Enéas que comandou a ação, revirou a pousada, minhas coisas, mas, na formalização da ocorrência, outro delegado assumiu o caso”.
O delegado que assina os procedimentos do dia 7 foi Wenceslau Souza de Queiroz, deslocado para o município no primeiro turno.
Em sua defesa da acusação de compra de votos, Paulain sustenta que o material que estava com ele no quarto da pousada era resto de campanha dos candidatos para quem trabalhava.
“Tudo o que eu tinha estava no quarto. O título e a identidade que encontraram na pousada, no meu quarto, era do fotógrafo que estava comigo; as duas mulheres que estavam na pousada foram ali beber água; o dinheiro que eu tinha no bolso eram R$ 2,2 mil para pagar a hospedagem e pagar a voadeira para Parintins”, disse.
Leia mais
Amazonino denuncia compra de votos e Wilson acusa “armação”
Mulheres na pousada
As mulheres a que se referem são Conceição Oliveira e Aurilene Gomes.
Por telefone, Aurilene foi localizada pelo BNC Amazonas neste domingo, dia 21. Ele repetiu a versão de que entrou na pousada para beber água e que ficou assustada quando a polícia chegou fechando o local e proibindo que quem tivesse ali saísse.
“Eu corri para um quartinho dali porque eu não sabia o que estava acontecendo. Mas, não foi ali para pegar dinheiro de ninguém”, disse.
Repercussão
Paulain resolveu falar depois que a campanha do governador ingressou com notícia-crime contra a campanha de Wilson por causa da prisão do traficante Diellison Weendril Alves Pinheiro, o “Didi”, no município de Codajás, na última sexta-feira, dia 19.
O traficante teria confessado à polícia estar de posse de R$ 12 mil para compra de votos para a campanha de Wilson.
“A que ponto chegou o Amazonino. Querer ganhar a eleição no tapetão”, comentou Paulain.
O outro lado
O BNC ouviu o advogado Daniel Nogueira, da coligação de Amazonino. Ele respondeu que há provas materiais substanciais e testemunhas contra o ex-prefeito.
Nogueira também enviou ao site a representação que trata do caso, onde estão fotos de Paulain com Wilson, além de conversas dele em campanha pelo candidato do PSC.
O delegado
O BNC Amazonas também tentou ouvir o delegado Enéas Gonçalves pelo telefone da delegacia em Nhamundá (92 3534-8161), depois que buscou seu contato com o delegado-geral da Polícia Civil, Frederico Mendes, mas as chamadas não foram atendidas.
Caso o delegado deseje se manifestar sobre a acusação do Paulain, o BNC aguarda retorno pelo 92 99981-6708.
Foto: Reprodução/ação judicial