Por Rosiene Carvalho, da Redação
A guerra pelas alianças políticas em torno das candidaturas ao Governo do Estado e Senado nas Eleições 2018 contaminou também os bastidores das contratações dos principais escritórios jurídicos de direito eleitoral no Amazonas.
Este é um setor das campanhas que já mostrou seu peso nas Eleições 2014 e 2016, desestabilizando as disputas.
Quando iniciou a organização da possível equipe para a candidatura à reeleição de Amazonino Mendes (PDT), seus aliados levaram em consideração dois escritórios: Yuri Dantas Barroso & Advogados e Jacob e Nogueira Advogados.
Os dois atuaram em campos opostos nas Eleições 2014: o primeiro defendendo o governador cassado José Melo e o segundo na sustentação da acusação por parte da coligação do senador Eduardo Braga (MDB), que resultou na cassação do governador após dois anos de mandato em que essas denúncias provocaram muita instabilidade administrativa.
Já em 2016, os dois escritórios foram contratados pela campanha do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), que saiu sem sequer um arranhão jurídico daquele pleito, apesar das naturais polêmicas de quem está na máquina.
Jurídico causou desequilíbrio na propaganda
Cabe lembrar que foi o jurídico de Arthur que desequilibrou, a seu favor, a balança quando Marcelo Ramos (PR) conseguia fôlego para ultrapassá-lo na corrida pelos votos. Uma enxurrada de direitos de respostas na propaganda gratuita, até na véspera da votação, e em veículo impresso no dia da eleição foram exemplos da farra que o setor jurídico fez na campanha de Marcelo Ramos.
Com esse histórico, os dois escritórios foram cogitados pelos aliados do candidato que está sob o comando da máquina. No entanto, o BNC apurou que a opinião do marqueteiro Marcos Martinelli pesou a favor da escolha de Yuri Dantas, há cerca de uma semana, sendo descartado o contrato da dupla Daniel Nogueira e Marco Aurélio Choy.
O compromisso do escritório de Yuri Dantas foi fechado num contexto em que “tudo indicava” que Arthur Virgílio, para quem o advogado trabalha há anos, apoiaria Amazonino.
Mas, nesta segunda-feira, dia 23, o jogo mudou. Arthur deu “cavalo de pau em transatlântico” , como se expressou Mário Barros, o ex-presidente do PSDB, e resolveu manter aliança com o senador Omar Aziz (PSD).
Arhur não quer abrir mão de escritório Dantas Barroso do PSDB
Nos bastidores, há uma indicação de que Arthur não quer abrir mão do advogado que sempre atuou para o PSDB e o grupo de Omar pode tentar convencê-lo a sair do campo adversário. No grupo de Amazonino, foi criada, em função deste movimento, expectativa se Yuri manterá o compromisso firmado há uma semana.
Antes de serem descartados pelo grupo de Amazonino, que preferiu Yuri Dantas, os advogados Choy e Nogueira, responsáveis pela cassação do mandato de Melo, foram sondados pelo grupo do senador Omar Aziz.
Informações de bastidores indicaram que o escritório da dupla estava prestes a fechar com Omar quando houve uma ofensiva por parte do grupo de Amazonino, o que os fez recuar. Agora, o nome deles voltou a ser cogitado na campanha do governador, caso Yuri não fique longe de Arthur e do PSDB neste pleito.
Omar e David
Um terceiro escritório está no meio da confusão de bastidores jurídico deste pleito: o da advogada Maria Benigno, que há anos atua em nome do PSD de Omar Aziz e também costuma atuar nas campanhas apoiadas por ele.
Maria foi sondada pelo escritório de Gabriella Rolemberg, nome de destaque entre as bancas que atuam no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com quem a advogada amazonense faz parceria em processos cujo o recurso vão parar em Brasília.
Filha do governador do Distrito Federal, Gabriella deve funcionar como uma espécie de orientadora da equipe que for definida para atuar na campanha do pré-candidato ao governo e presidente da ALE-AM, David Almeida (PSB), no Amazonas e foi com esta intenção que Maria, a advogada de Omar, foi sondada.
Arsenal está sendo preparado
Advogados informaram à reportagem que já há, na maioria dos escritórios, várias pastas colecionando denúncias e provas de irregularidades cometidas no período de pré-campanha para todo gosto, a serem descartadas ou apresentadas conforme o contrato que os escritórios fechem.
A confusão das alianças e das definições de equipes só deve encerrar mesmo na próxima semana, quando termina o prazo para conversas e que os partidos terão que realizar as convenções para apresentar os registros de candidatura.
Valores altos
Até lá muitas conversas, propostas e contrapropostas ainda estão fazendo os dados rolarem no balcão. O BNC apurou que os valores são altos em função da visibilidade e interferência deste setor no resultado das últimas eleições. As conversas têm iniciado na casa dos sete dígitos.
O BNC procurou os advogados Yuri Dantas Barroso, Daniel Nogueira e Maria Benigno para comentarem sobre as informações. Os três preferiram não falar e foram unânimes em dizer que até a próxima semana devem definir para que candidatos irão trabalhar neste pleito.
Arte: Alex Fidélis/BNC