A saída do MDB e DEM do chamado “centrão” colocou em evidência o deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP) como um nome forte para suceder a Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara dos Deputados nas eleições de fevereiro do próximo ano.
Marcelo Ramos (PL) também continua na lista dos candidatos preferidos de Maia.
Desde o início da legislatura muito próximo ao presidente da Câmara, que o escolheu para presidir a comissão especial da reforma da Previdência, o deputado amazonense é o preferido dos parlamentares dos partidos de centro e esquerda.
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Ele segue uma posição discreta, a pedido do próprio Maia, quando é questionado sobre o assunto.
“Sinto-me lisongeado com as especulações sobre sucessão na presidência da Câmara. Mas sempre que me questionam sobre o assunto, digo: temos que ter mais responsabilidade com o Brasil, do que vaidade em suceder o presidente Rodrigo Maia”, disse em recente publicação no Twitter.
Mas Baleia Rossi entrou definitivamente no páreo.
Comenta-se nos bastidores que o movimento dos dois partidos para deixarem o maior bloco da Câmara teve como objetivo posicionar a candidatura de Rossi, deslocamento bem aceito pelo grupo de Maia.
Com isso, o centrão passará dos 221 para 158 deputados.
Mas o grupo pode ainda ser reduzido para 136 parlamentares com a provável debanda do PTB e Pros, que articulam a formação de um novo bloco.
A nova conformação fortalece Maia nas definições da agenda política da Casa e ainda para fazer o seu sucessor.
Isso porque, o grupo dos deputados que não se alinhou ao governo Bolsonaro, chamado de independentes, pretende caminhar sob a orientação dele.
Por outro lado, o líder do Centrão, Arthur Lira (Progressistas-AL), tido como um dos favoritos para comandar a Câmara, sai enfraquecido.
Sob a liderança de Arthur Lira, o bloco ganhou cargos no governo, mas não terá como garantir a maioria nas votações.
O bloco emplacou, por exemplo, o ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD-RN), e ainda Marcelo Lopes no FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
Com a nova conformação, Bolsonaro também perdeu a segurança de uma blindagem sobre um possível processo de impeachment.
Para barrar qualquer pedido nesse sentido, por exemplo, são necessários 174 votos.
Oposição
Os partidos de oposição como o PT, PCdoB, PSB, PDT, PSOL e Rede saem fortalecidos diante desse novo cenário.
O apoio deles será decisivo para a sucessão na Câmara.
Além disso, líderes desse campo avaliam que as siglas terão mais poder de articulação.
O líder do PT, Enio Verri (PR), diz que a nova configuração ficou interessante para a oposição porque ninguém mais tem maioria absoluta.
“Para passar uma PEC você vai precisar de muito diálogo. Ou é uma pauta que tem de fato pressão social ou não passa. Deu uma animada na esquerda”, disse ele à coluna Painel da Folha.
“É importante que não tenham homogeneidade num campo único para passar PECs ou até medidas econômicas antipovo”, diz Fernanda Melchionna (RS), líder do PSOL.
“Em primeiro lugar, é importante que o campo bolsonarista sofra derrotas na Câmara, como o caso do Fundeb — então mostra ainda a fragilidade desse campo e a dificuldade de sair do isolamento. E Arthur Lira (PP) está na base do governo cada vez mais visto como um líder informal do governo”, completou.
Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados