Empresários da Amazônia vão investir R$ 4 bi em projetos sustentáveis

Intenção inicial da “Facility de Investimerntos” é captar R$ 600 milhões em três anos

Empresários Amazônia

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 20/05/2024 às 20:03 | Atualizado em: 20/05/2024 às 20:03

Empresários da Amazônia estão dispostos a investir em negócios sustentáveis, diversificando, portanto, seu player industrial. Para isso, o Instituto Amazônia+21 lançou um fundo para investir R$ 4 bilhões nesses projetos.

A instituição conta com o suporte da Confederação Nacional da Industria (CNI) e das nove federações industriais dos estados da Amazônia Legal – Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso.

Desse modo, o Instituto Amazônia+21 criou a plataforma “Facility de Investimentos Sustentáveis”, que funcionará por meio de um financiamento misto (blended finance).

Segundo os criadores do fundo, a intenção inicial é captar R$ 600 milhões nos primeiros três anos. Ao longo de dez anos, a meta é chegar a R$ 4 bilhões.

A CNI foi a primeira instituição a investir no fundo, ao comprar uma das dez cotas pioneiras no valor de R$ 2 milhões.

Participaram do lançamento da iniciativa, em São Paulo (SP), na última sexta-feira (17), cerca de 140 empresários, dirigentes e representantes de instituições financeiras, fundos de investimento, associações e federações de indústrias. Representou o Amazonas, o presidente da Bemol, Denis Minev.

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Floresta sustentável

O presidente da CNI, Ricardo Alban, defendeu a exploração sustentável da floresta como forma de produzir renda e riqueza especialmente para as populações locais.

“Não podemos nos dar ao luxo de desprezar o potencial da Amazônia em todos os aspectos, seja na biodiversidade ou nas riquezas naturais, mas eles têm de ser transformados em bem para o Brasil e para a humanidade”.

O presidente do Instituto Amazônia+21, Marcelo Thomé, ressaltou que os eventos climáticos cada vez mais extremos exigem ação imediata e é isso que o instituto está propondo.

“Estamos muito animados com a possibilidade de impulsionar negócios sustentáveis na Amazônia. Se somarmos esforços, seremos vetores de investimento e contribuiremos para melhorar a vida de 30 milhões de brasileiros que vivem na região”.

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Apoio da ONU

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) apoia a iniciativa dos empresários brasileiros e da Amazônia.

De acordo com a coordenadora do Pnud, Maristela Baioni, a Facility representa uma esperança, uma oportunidade de transformação, de desenvolvimento humano e sustentável para a região Amazônica.

“Nós, do Pnud, temos a clareza de que com o sucesso da Facility será possível levar essa experiência para outros países e provocar uma transformação planetária, e renovar as nossas esperanças não só para a nossa geração, mas para gerações futuras”.

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Financiamento misto

O financiamento misto (blended finance) é uma forma de investimento unindo recursos que podem ser comerciais, públicos, de fomento e filantrópicos, para viabilizar projetos de impactos positivos sociais e ambientais.

Com esse valor, o Instituto Amazônia+21 espera os seguintes impactos:

• Desenvolvimento de uma economia de alto valor agregado, justa e inclusiva no bioma;

• Redução do desmatamento, das emissões, da poluição e aumento da conservação da biodiversidade;

• Desenvolvimento socioeconômico e a melhoria das condições de vida das populações locais;

• Ampliação e diversificação da oferta de bens e serviços no território.

Setores da economia

A Facility de Investimentos trabalhará simultaneamente com quatro plataformas em setores como bioeconomia, energia renovável e turismo sustentável.

Desse modo, a plataforma de investimentos destinará capital a empresas, projetos e iniciativas em setores estratégicos da economia verde.

Assim como dará assistência técnica para estruturação de projetos financiáveis e de impactos positivos sociais e ambientais.

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Benefício aos investidores

Entre os benefícios para os doadores, estão a alavancagem de capital em até sete vezes e a participação na governança da ferramenta.

Já aos investidores comerciais, estão previstos retornos financeiros semelhantes às taxas e ao prazo do mercado tradicional.

Além disso, doadores e investidores estarão contribuindo no combate à mudança climática e na conservação do meio ambiente e da biodiversidade.

Iniciativas

Atualmente, o portfólio da Facility de Investimentos Sustentáveis já conta com as seguintes iniciativas:

• Projetos de 96 startups voltados ao desenvolvimento da bioeconomia na Amazônia;

• Centro de Bioeconomia e Conservação da Amazônia, em Porto Velho (RO) cuja área de mil hectares receberá o plantio de pelo menos 100 espécies de plantas amazônicas;

• Projeto de Habitação Social, em parceria com a Caixa Econômica Federal, que prevê a construção de oito unidades habitacionais sustentáveis em palafitas e uma estrutura social de 300m² com o uso de madeira sustentável;

• Estudo para a conversão de lixões em aterros sanitários na região da Amazônia Legal.

Foto: Wilson Nogueira/especial para o BNC Amazonas