Entidade flagra garimpo em área indígena de Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas
A autoridades do Amazonas, federação dos povos indígenas pede a imediata retirada das balsas dos garimpeiros

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 25/03/2022 às 05:00 | Atualizado em: 07/05/2024 às 21:16
A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) fez denúncia às autoridades federais e estaduais no Amazonas contra a pratica de garimpo ilegal na terra indígena Médio Rio Negro II, no município de Santa Isabel do Rio Negro.
Em ofício encaminhado ao coordenador regional da Funai, à Procuradoria da República/MPF do Amazonas, à Polícia Federal, ao comando da 2º Brigada de Infantaria de Selva, no rio Negro, e à Superintendência do Ibama, o presidente da Foirn pede a imediata retirada das balsas que praticam atividades de garimpo ilegal na terra indígena, próximo à comunidade de Massarabi/Rio Cauburis.
“Requeremos essa ação imediata sobre as atividades ilegais em andamento por estarem causando impacto ambiental no leito do rio Negro”, disse diretor-presidente da Foirn, Marivelton Barros, da etnia Baré.
Como se trata de terra indígena, a Foirn lembra que não há regulamentação de atividade minerária, garimpeira ou mesmo a lavra de material mineral.
“Toda essa situação tem preocupado as nossas lideranças e a população, posto que não há fiscalização e nem proteção pelos órgãos responsáveis. Como se já não bastasse a constante rota de tráfico de drogas na região, agora, vêm estas atividades ilegais, querendo se tornar legal. Diante dos fatos, pedimos a imediata ação de retirada e destruição destas balsas e seus maquinários da área”, solicita Marivelton Baré.
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Falta fiscalização
O diretor-presidente da Federação ressalta que a falta de uma atuação eficaz na região tem permitido a entrada constante de garimpeiros e a construção de balsas. Dessa forma, o trabalho que é para os órgãos de fiscalização realizar está sendo feito pelas comunidades indígenas e suas lideranças.
“Reiteramos, assim, a necessidade extrema da atuação das instituições para que tenham uma ação eficaz, retirando e acabando com essa atividade que está se iniciando de forma ilegal e não constitucional”, diz o documento enviado às autoridades pela Foirn.

Representatividade
Com três décadas de atuação, a Foirn representa os 23 povos indígenas do rio Negro, com 91 organizações de base, através de 5 coordenadorias regionais. Lidera cerca de 750 comunidades indígenas no território, com 10 terras reconhecidas pelo governo federal e no processo de demarcação, que compreende as áreas territoriais dos municípios de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos.
Fotos: divulgação