Ianomâmis cobram ação do MPF e governo contra garimpeiros

Em nota o Ministério dos Povos Indígenas disse que a situação é inadmissível e que articula providências sobre o caso

Ferreira Gabriel

Publicado em: 21/09/2023 às 20:19 | Atualizado em: 21/09/2023 às 20:22

A Hutukara Associação Ianomâmi cobrou, em ofício, investigação sobre a situação dos indígenas amarrados por garimpeiros ilegais em um acampamento no Território Ianomâmi.

Em nota divulgada nesta quarta-feira (20), o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) disse que a situação é inadmissível e que articula providências sobre o caso.

“Situações como esta são inadmissíveis e este Ministério tem articulado e acompanhado um conjunto de medidas no âmbito do Comitê de Desintrusão, instituído pelo Decreto nº 11.702, de 12 de setembro de 2023”, disse o MPI.

“O Ministério dos Povos Indígenas articula agora com todos os ministérios endereçados na denúncia enviada pela Hutukara Associação Ianomâmi, providências urgentes para averiguação, denúncia e punição dos responsáveis por este caso”, ressaltou.

De acordo com a Hutukara, são, ao menos, três crianças amarradas, com os braços presos por cordas, em uma viga de madeira. O caso aconteceu nas proximidades da pista da Bateia, na região de Surucucu.

No vídeo, que foi gravado por um dos garimpeiros, é possível ver que os indígenas estão em um acampamento montado no meio da floresta. Durante a ação, um dos garimpeiros pede para que “tragam os mokaua [armas]” para o barracão onde os indígenas estão.

“Os vídeos tratam da mesma situação. Eles registram um momento em que garimpeiros acusam crianças ianomâmi de terem furtado celulares, e na tentativa de recuperar os objetos, amarram e ameaçam as crianças, que supostamente teriam pego os telefones”, diz trecho do documento.

Os indígenas são da região do Hakoma, localizada entre as regiões de Homoxi e Surucucu. Com cerca de 12 comunidades, Hakoma tem presença de garimpeiros e altos níveis de contaminação por mercúrio.

Conforme a Hutukara, a região é de difícil comunicação e, por isso, ainda não se sabe quando as imagens foram gravadas e o que aconteceu com os indígenas. As crianças não tiveram as idades informadas.

O ofício também foi enviado à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Polícia Federal, Ibama, 1ª Brigada de Infantaria de Selva do Exército Brasileiro e Ministério Público Federal (MPF) em Roraima.

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Foto: Hutukara/Divulgação