Vítima de violência de toda sorte, a Amazônia, no seu dia, 5 de setembro, não teve motivo nenhum para festejar. Além dos crimes no coração da floresta no Dia do Meio Ambiente, de Bruno Pereira e Dom Phillips, no Vale do Javari, no estado do Amazonas, mês após mês nos últimos anos a região é agredida por queimadas e desmatamentos recordes. E assistem a tudo, do presidente do país ao prefeito, de braços cruzados.
E a julgar como a Amazônia está sendo tratada pelos candidatos nestas eleições, principalmente os a presidente e governadores, o bioma vai seguir assim.
“É um desleixo geral dos estados e dos municípios, que ainda acham que a floresta amazônica impede um tal progresso, já instalado em uma grande porção da Amazônia, e não traz duas coisas fundamentais: distribuição de renda e distribuição de terra para as pessoas trabalharem”.
Nesse sentido, quem faz a afirmação é o doutor em ecologia e cientista sênior do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (iPad), Paulo Moutinho.
Por exemplo, no único debate na TV até aqui entre os candidatos a presidente, no dia 28 de agosto, a Amazônia não entrou em pauta. Nem na série de sabatinas com quatro deles, no “Jornal Nacional”, da Globo.
Além disso, nas rápidas citações que fizeram, os candidatos só se referiram ao desmatamento. Nada de propor soluções, portanto, para outros problemas além desse, de derrubada da floresta.
Para Moutinho, essa falta de comprometimento dos governos estaduais, municipais e federal, portanto, é um dos principais fatores para a alta do desmatamento.
Leia mais
Clima e vida no planeta
De outra parte, portanto, o secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, destaca a preocupação com a Amazônia por sua influência direta na vida das pessoas a partir do clima do planeta.
“Quando falamos sobre clima, a Amazônia é o principal componente de clima no Brasil. É uma floresta importantíssima nesse debate e, quando falamos sobre clima, não estamos falando apenas sobre dados científicos, negociações diplomáticas, acordos feitos em Paris. Nós estamos falando sobre a vida das pessoas”.
Leia mais
Recorde em cima de recorde
Como resultado, o desmatamento na Amazônia atingiu o maior nível para o mês de agosto nos últimos dez anos. Na comparação com 2021, o aumento da área desmatada é de 7%.
Assim, foram derrubados 10,8 mil quilômetros quadrados de floresta. Isso representa sete vezes o território de São Paulo.
É o que informou o Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia).
Leia mais no Metrópoles .
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil