Moradores de Iranduba pedem fim de aterro no Senado e ministérios
Dirigentes de associaĂ§Ă£o comunitĂ¡ria alegam prejuĂzos Ă agricultura, turismo e meio ambiente

AntĂ´nio Paulo, do BNC Amazonas em BrasĂlia
Publicado em: 22/03/2023 Ă s 17:26 | Atualizado em: 22/03/2023 Ă s 17:27
Um grupo de moradores e dirigentes de uma associaĂ§Ă£o rural comunitĂ¡ria de Iranduba, no Amazonas, estĂ¡ em BrasĂlia, em visita a ministĂ©rios e Ă³rgĂ£os ambientais para tentar impedir um aterro sanitĂ¡rio a ser instalado no municĂpio.
Dessa forma, nos Ăºltimos dois dias, os membros da AssociaĂ§Ă£o Rural de Desenvolvimento ComunitĂ¡rio Morada do Sol jĂ¡ percorreram os ministĂ©rios do Meio Ambiente, Desenvolvimento AgrĂ¡rio e a SuperintendĂªncia do PatrimĂ´nio da UniĂ£o (SPU).
Assim como se reuniram com o senador PlĂnio ValĂ©rio (PSDB-AM) e com a presidente da ComissĂ£o de Meio Ambiente, do Senado, Leila Barros (PDT-DF).
Os moradores de Iranduba e seus lĂderes comunitĂ¡rios querem apoio dos Ă³rgĂ£os do governo federal para analisar a legalidade do projeto de aterro sanitĂ¡rio.
TambĂ©m pedem que as informações e conclusões do estudo sejam repassadas ao Instituto de ProteĂ§Ă£o Ambiental do Estado do Amazonas (Ipaam) para impedir que os agricultores familiares do entorno sejam diretamente atingidos pela implantaĂ§Ă£o do empreendimento.
Os irandubenses foram surpreendidos, em 2022, com o processo licenciamento ambiental em favor empresa Norte Ambiental Tratamento de ResĂduos, permitindo a instalaĂ§Ă£o do Sistema de Tratamento e DestinaĂ§Ă£o de ResĂduo (STDR-Iranduba) para receber 3 mil toneladas/dias de lixo da regiĂ£o metropolitana de Manaus.
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Atividades agrĂcolas
Dentre os inĂºmeros problemas apresentados, os dirigentes da associaĂ§Ă£o comunitĂ¡ria destacam o fato de relatĂ³rio de impacto ambiental (Rima) desconhecer as atividades agrĂcolas desenvolvidas nas proximidades da Ă¡rea pretendida para instalaĂ§Ă£o do aterro sanitĂ¡rio, em prejuĂzo aos agricultores familiares da regiĂ£o.
Segundo levantamento da entidade, na Ă¡rea de influĂªncia direta do projeto existem 1.698 famĂlias que vivem da atividade agrĂcola e, na sua maioria, pequenos agricultores que vivem exclusivamente dessa atividade.
É evidente a incompatibilidade de uma agricultura saudĂ¡vel que abastece a regiĂ£o metropolitana de Manaus com um aterro de resĂduos sĂ³lidos, com todos os seus efeitos negativos de contaminaĂ§Ă£o do solo, presença de roedores e muitos urubus produzindo e lançando dejetos sobre as plantações, dizem os moradores no memorial entregue nos ministĂ©rios e Ă³rgĂ£os federais.
Afirmam ainda que a tentativa de implantar um aterro naquela regiĂ£o para atender uma populaĂ§Ă£o de 3 milhões de habitantes de Manaus, contraria ia motivaĂ§Ă£o que levou a implantaĂ§Ă£o pelo Governo Federal de uma Ă¡rea destinada Ă produĂ§Ă£o agrĂcola
Acrescente-se aos problemas jĂ¡ apresentados o fato de que a Ă¡rea de implantaĂ§Ă£o do aterro estĂ¡ localiza na faixa de aproximaĂ§Ă£o dos voos para o aeroporto Eduardo Gomes e do grave risco ao sistema aeroviĂ¡rio, informa o memorial dos iradubenses.
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Falta legitimidade
Afirmam ainda que falta legitimidade Ă empresa Norte Ambiental de ResĂduos para propor o processo de licenciamento ambiental;
Assim como ausĂªncia de autorizaĂ§Ă£o legal para o despejo de lixo proveniente de Manaus em Iranduba;
AlĂ©m dos agricultores e dos empreendimentos turĂsticos a Cidade UniversitĂ¡ria, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que se encontra em fase de implantaĂ§Ă£o, serĂ¡ diretamente atingida pelo empreendimento.
Isso pode ocorrer Ă medida em que cursos da Ă¡rea de saĂºde, como o de medicina, nĂ£o poderĂ£o ser implantados com o aterro de lixo tĂ£o prĂ³ximo.
Por esses e outros tantos motivos Ă© que AssociaĂ§Ă£o Rural de Desenvolvimento ComunitĂ¡rio Morada do Sol quer a suspensĂ£o do aterro sanitĂ¡rio em Iranduba.
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DenĂºncia ao MPF
O senador PlĂnio ValĂ©rio se comprometeu a fazer uma audiĂªncia pĂºblica em Iranduba para tratar do assunto e disse que Ă© contra o aterro sanitĂ¡rio.
O parlamentar sugeriu tambĂ©m que os moradores de Iranduba e as associações comunitĂ¡rias façam uma denĂºncia formal junto ao MinistĂ©rio PĂºblico Federal, o que foi acatado pelos dirigentes comunitĂ¡rios.
Leia o memorial entregue nos ministĂ©rios e Ă³rgĂ£os federais, baixe-o no link a seguir:
Foto: divulgaĂ§Ă£o