O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Marcelo Xavier, recebeu da liderança indígena dos Waimiri Atroari um não como resposta a um pedido para funcionários do órgão entrarem na aldeia.
No dia 24 de julho, por meio de carta, o presidente da Associação Comunidade Waimiri Atroari, Mario Parwe Atroari, avisou que entre o seu povo, mais de 2 mil indígenas, não existia contaminados pelo cornavírus e que o isolamento iria continuar por mais 60 dias.
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Segundo o Estadão, que teve acesso as cartas trocadas, o dirigente da Funai está sendo pressionado pelo presidente Bolsonaro, que já cobrou diversas vezes do ministro de Minas Energia, Bento Albuquerque, pela liberação da obra.
Marcelo Xavier queria levar um documento traduzido para “kinja iara” (língua de gente) no qual explicava sobre o licenciamento da linha de energia que pretende ligar Manaus a Boa Vista.
Ele alegou prejuízo de R$ 133 milhões por mês pela falta do linhão. Boa Vista é a única capital do país que não está ligada ao sistema nacional de energia, sendo abastecida por termoelétricas movidos a óleo diesel, uma energia cara.
Resposta
“Chegou até nós a notícia que o senhor e outros membros de sua equipe da Funai foram contagiados pela covid-19, mesmo com todos os cuidados que sabemos que o senhor toma. Como o senhor mesmo agora pode ver, essa doença é perigosa e, para gente, ela é muito mais ainda”, respondeu o líder indígena.
Sobre o prejuízo financeiro, os Waimiri disseram que o presidente da Funai fala em abastecimento de Roraima, mas não se refere a saúde do povo indígena. “É como se não existíssemos!”.
Na carta, os Waimiri explicaram que as cidades que fazem limite com sua terra possuíam mais de mil contaminações pela covid-19.
Comunicaram que estavam seguindo recomendações médicas para o isolamento. E lembraram ainda sobre o que sofreu seu povo na década de 1970 com a abertura da BR-174, quando muitos morreram por causa de um surto de sarampo.
Foto: Divulgação