Por 286 votos a favor e 173 contra, a Câmara dos Deputados aprovou, nesta quinta-feira (5), o texto-base do projeto de lei que permite a privatização dos Correios. A matéria ainda terá que ser analisada pelo Senado.
Dos oito deputados da bancada do Amazonas, quatro deles deram votos favoráveis a venda daquele patrimônio.
São eles: Átila Lins (PP), Bosco Saraiva (Solidariedade), Capitão Alberto Neto (Republicanos) e Silas Câmara (Republicanos).
Delegado Pablo (PSL) não votou. Por estar presidindo a sessão, Marcelo Ramos (PL) também não votou.
José Ricardo (PT) e Sidney Leite (PSD) votaram contra a privatização por acharem um mal negócio e que vai gerar prejuízo ao país.
Entre os que votaram a favor, Bosco Saraiva afirmou que a privatização é importante para que “o serviço de postagem brasileiro receba novos investimentos”.
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De acordo com ele, a venda vai possibilitar ainda que o governo ofereça “cada vez mais um serviço melhor aos brasileiros”.
Na mesma linha, o vice-líder do governo na Câmara, Capitão Alberto Neto, diz que a empresa está perdendo mercado e reduzindo seu valor.
“Não privatizar os Correios é um prejuízo para a nação e quem paga a conta é o contribuinte. Nós deixamos de arrecadar R$ 2 bilhões por ano que poderiam ser investidos na saúde, na educação e na segurança, que são funções do estado”, justificou o vice-líder.
Prejuízo
Pelas contas do oposicionista José Ricardo, o país terá um prejuízo com a venda dos Correios.
“Os Correios geraram mais de R$ 1 bilhão em lucro, e em 20 anos foram gerados R$ 12 bilhões, os quais 70% foram repassados ao governo federal, contrariando a falácia de que está dando prejuízo ao país”, criticou.
Na argumentação dele, trata-se de uma empresa muito lucrativa e necessária para o Brasil, para a Amazônia.
Sidney Leite diz que a venda da empresa trará prejuízos para Amazônia, que tem dificuldade com sinal de internet.
“Quem comprar os Correios não estará preocupado com Atalaia do Norte, Beruri e Itamarati. Vai estar preocupado com São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte”, argumentou.
Ele diz que a Câmara está dando um passo errado com a privatização.
“É obvio que nós precisamos melhorar os serviços, estruturar os Correios, isso é inquestionável e pode ser feito de forma gradual. É temerário que um serviço tão essencial vá para mão da iniciativa privada”, criticou.
Leite lembrou ainda que nenhum país do tamanho do Brasil privatizou seu serviço postal e citou o modelo alemão que chegou a comprar a HTL, uma empresa de logística que atua no Brasil.
“Podemos melhorar a gestão, abrir a capitalização e valorizar essa empresa. Agora, da forma que está sendo feito, vão vender para o monopólio a preço de banana e não saber o modelo que será adotado”, diz o deputado.
Por fim, Sidney afirmou que falta garantia de transição para os trabalhadores. “Vão ficar extremamente vulneráveis, à mercê de quem comprar os Correios”.
Foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados